segunda-feira, 30 de novembro de 2009

SUTRA DOS VOTOS ORIGINAIS DO BODHISATTVA KSITIGARBHA

KSITIGARBHABODHISATTVAPRANIDHANASUTRA




SUTRA DOS VOTOS ORIGINAIS DO

BODHISATTVA KSITIGARBHA







ÍNDICE



INTRODUÇÃO .................................................................................................. 02



VERSO DE ABERTURA DO SUTRA ............................................................... 03



CAPÍTULO I - MANIFESTAÇÃO DE PODERES EXTRAORDINÁRIOS NO

PALÁCIO DO CÉU TRAYASTRIMSA ................................................................. 04



CAPÍTULO II – REUNIÃO DE CORPOS REDUPLICADOS ................................. 09



CAPÍTULO III - CONTEMPLANDO A CONDIÇÃO KÁRMICA DOS SERES





CAPÍTULO IV - A RETRIBUIÇÃO KÁRMICA DOS SERES VIVENTES .............. 14



CAPÍTULO V - OS NOMES DOS INFERNOS ...................................................... 19



CAPÍTULO VI - OS LOUVORES DO TATHAGATA ............................................ 21



CAPÍTULO VII – BENEFÍCIOS PARA OS VIVOS E OS MORTOS ......................25



CAPÍTULO VIII - OS LOUVORES DO REI YAMA E OUTROS ............................28



CAPÍTULO IX - LOUVANDO OS NOMES DOS BUDAS ......................................32



CAPÍTULO X - AS CONDIÇÕES E OS MÉRITOS RELATIVOS AO DAR ............34



CAPÍTULO XI - A PROTEÇÃO DO DHARMA PELO ESPÍRITO DA TERRA .......36



CAPÍTULO XII - OS BENEFÍCIOS DE VER E ESCUTAR ....................................38



CAPÍTULO XIII - A TUTELA DE HOMENS E DEUSES ........................................44



VERSO DE TRANSFERÊNCIA DE MÉRITOS .....................................................47



GLOSSÁRIO .........................................................................................................48



















KSITIGARBHABODHISATTVAPRANIDHANASUTRA



SUTRA DOS VOTOS ORIGINAIS DO

BODHISATTVA KSITIGARBHA



INTRODUÇÃO



Este Sutra comenta as retribuições que geram as diversas ações humanas e foi originalmente traduzido para o chinês pelo Monge Siksananda (sânscrito), chamado em chinês Se Tza Nan Duo. A Imperatriz Wu Tsao, que viveu nos anos 623 – 705 da E.C., alcançou o poder aos sessenta e sete anos e ao escutar o conteúdo deste Sutra respeitosamente o aceitou e encomendou sua tradução. O ingresso de Siksananda ao império chinês foi pela província de I -Tien, vizinha do Tibete, e desde ali foi até a capital transportando alguns Sutras de grande transcendência como o Sutra da Guirlanda de Flores (Jua Ien Ching). Neste Sutra o Buda Shakyamuni apresenta o Bodhisattva Ksitigarbha, cuja sabedoria e força espiritual são incomensuráveis. Este grande Ser auxilia em momentos difíceis e estimula o despertar do sonho da ignorância para iniciar assim um caminho que conduz ao auto-respeito e a ausência de erros.



A compaixão deste Bodhisattva é ilimitada; Ele realizou o maior dos Votos: o de suportar os sofrimentos deste mundo e postergar sua própria iluminação até que o último ser vivente a tenha alcançado.



Seu nome (em chinês) é Ti Tsan Pu Sa: Ti significa “Terra” e Tsan: significa “Tudo que é armazenado nela”, ou seja, da mesma forma que a “Terra”, o Bodhisattva “aceita e suporta” tudo. Pu Sa significa Bodhisattva. No Japão, Ele é conhecido com o nome de Jizo.



Segundo a tradição Ele é representado portando em sua mão direita um cajado que na parte superior possui vários anéis de metal, similar aos usados antigamente na China pelos viajantes para espantar os animais daninhos dos caminhos, o qual simbolicamente utiliza para quebrar as portas do inferno e do sofrimento. A sua mão esquerda sustenta uma pérola brilhante cuja luz é capaz de iluminar toda existência, afastando-a da dor.



Este Sutra constantemente testemunha que toda existência pode chegar à Budeidade, devido a que todo ser vivente possui a Natureza de Buda, libertando-se assim do mundo dos fenômenos.



Este texto é uma tradução da versão em inglês realizada pela Associação Budista Sino- Americana, cuja sede localiza-se no Mosteiro Chan da Montanha de Ouro (Gold Mountain Dhyana Monastery, 1731 15th Street, San Francisco, Califórnia, USA).



Esta versão é uma correção da primeira tradução ao português de Marcelo de Toledo Andrade, feita por Mestra Dzau Dzan com a colaboração de Marinéa de Almeida Tallone e Ana Maria N. Hernandez.









SUTRA DOS VOTOS ORIGINAIS DO

BODHISATTVA KSITIGARBHA









Homenagem aos Budas que eternamente residem nas dez direções.

Homenagem ao Dharma que eternamente reside nas dez direções.

Homenagem ao Sangha que eternamente reside nas dez direções.

Homenagem ao Mestre Fundamental Buda Shakyamuni.

Homenagem ao Bodhisattava Avalokitesvara de Grande Compaixão.

Homenagem aos Votos do Bodhisattva Ksitigarbha.

Homenagem aos Bodhisattvas protetores do Dharma.





















VERSO DE ABERTURA DO SUTRA







Dharma insuperável, profundo, insondável,

sutil e maravilhoso, cujo achado centenas,

milhares, milhões de kalpas levará.

Hei de ver, encontrar, conservar, receber,

qual o sentido real do Tathagata há de ser,

faço o voto de para sempre o compreender.























SUTRA DOS VOTOS ORIGINAIS DO BODHISATTVA KSITIGARBHA





CAPÍTULO I



MANIFESTAÇÃO DE PODERES EXTRAORDINÁRIOS NO PALÁCIO DO CÉU TRAYASTRIMSA





Assim eu ouvi. Uma vez o Buda subiu ao Céu Trayastrimsa para ensinar o Dharma a sua mãe. Neste momento havia um indescritível número de Budas, como também grandes Bodhisattvas e Mahasattvas de infinitos mundos provenientes das Dez Direções: todos estavam reunidos para louvar as habilidades do Buda Shakyamuni, para manifestar a indescritível Grande Sabedoria e o poder sobrenatural no Nefasto Mundo das Cinco Corrupções, como também a habilidade de harmonizar e conquistar os seres viventes obstinados, para que possam conhecer os dharmas do sofrimento e da felicidade. Cada um destes Grandes Seres enviou seus assistentes para saudar o Lokayestha.



Neste momento, o Tathagata sorriu e emitiu centenas de milhares de milhões de grandes nuvens de luzes, tais como: a Nuvem da Grande Luminosidade Perfeita, a Nuvem da Grande Compaixão, a Nuvem da Grande Sabedoria, a Nuvem da Grande Prajna, a Nuvem do Grande Samadhi, a Auspiciosa Grande Nuvem, a Nuvem da Grande Benção, a Nuvem do Grande Mérito, a Nuvem do Grande Refúgio e a Nuvem do Grande Louvor.



Após haver emitido ainda mais indescritíveis nuvens de luz, o Buda também emitiu uma grande quantidade de maravilhosos sons sutis, tais como: o Som Danaparamita, o Som Silaparamita, o Som Kshantiparamita, o Som Viryaparamita, o Som Dhyanaparamita, o Som Prajnaparamita. O Som da Grande Compaixão, o Som do Jubiloso Dar, o Som da Libertação, o Som do Não-Apego, o Som da Sabedoria, o Som da Grande Sabedoria, o Som do Rugido do Leão, o Som do Rugido do Grande Leão, o Som das Nuvens de Trovão e o Som das Grandes Nuvens de Trovão.



Após haver emitido esses indescritíveis sons, deuses, dragões, fantasmas e espíritos do Mundo Saha e outros reinos, se reuniram no Palácio do Céu Trayastrimsa. Vindos de lugares tais como: Céus dos Quatro Reis, Céu de Trayastrimsa, Céu Suyama, Céu Tusita, Céu de Transformação de Felicidade, Céu de Conforto Obtido Através da Transformação da Felicidade dos Outros. Do Céu de Multidões de Brahma, do Céu dos Ministros de Brahma, do Céu de Grande Brahma, do Céu de Luz Menor, do Céu de Luz Ilimitada, do Céu de Luz e Som, do Céu de Pureza Menor, do Céu de Pureza Ilimitada, do Céu de Pureza Universal. Do Céu de Nascimento das Bênçãos, do Céu das Bênçãos do Amor, do Céu do Fruto Abundante, do Céu do Não-pensamento, do Céu da Não-aflição, do Céu do Não-calor, do Céu das Boas Visões, do Céu das Boas Manifestações, do Céu da Forma Suprema, do Céu de Mahesvara e seguindo assim até o Céu do Lugar do Pensamento e do Não-Pensamento. Os deuses, dragões, fantasmas e espíritos se reuniram.





A eles reuniram-se ainda: espíritos do mar, espíritos dos rios, espíritos dos riachos, espíritos das árvores, espíritos das montanhas, espíritos da terra, espíritos dos arroios e pântanos, espíritos dos brotos e das sementes, espíritos do dia, espíritos da noite, espíritos do espaço, espíritos do céu, espíritos da comida e da bebida, espíritos dos pastos e das madeiras e outros espíritos similares como os do Mundo Saha e outros mundos reunidos em assembléia.



Além de todos os reis fantasmas do Mundo Saha e outros mundos, reunidos em assembléia estavam outros tais como: o Rei Fantasma do Olhar Perverso, o Rei Fantasma Vampiro, o Rei Fantasma que Chupa a Energia Vital, o Rei Fantasma que Chupa a Energia das Placentas, o Rei Fantasma que Espalha Doenças, o Rei Fantasma que Remove Venenos, o Rei Fantasma do Coração Bondoso, o Rei Fantasma das Bênçãos e Ganhos, o Rei Fantasma do Grande Amor, o Rei Fantasma do Grande Respeito além de outros.



Neste momento o Buda Shakyamuni disse ao Bodhisattva Manjusri, Príncipe do Dharma:

Ao observar estes Budas, Bodhisattvas, deuses, dragões, fantasmas e espíritos deste e de outros mundos, que estão reunidos aqui no Céu Trayastrimsa, você pode calcular seu número?



Manjusri disse ao Buda:

“Lokayestha, ainda que pudesse contá-los e reconhecê-los com meus poderes espirituais durante milhares de kalpas, não seria capaz de calculá-lo.”



Buda disse a Manjusri:

Ao observá-los com minha visão de Buda, seu número é interminável. Através de muitos kalpas todos estes seres têm atravessado, têm sido atravessados, estão sendo atravessados, serão atravessados, têm sido conduzidos à realização, estão sendo conduzidos à realização ou serão conduzidos à realização pelo Bodhisattva Ksitigarbha.



Manjusri disse ao Buda:

“Lokayestha, através de muitos kalpas cultivei boas raízes e atingi a Total Sabedoria sem restrições. Quando ouço a palavra de Buda, aceito-a imediatamente e com fé. Os que Escutam o Som (Shravakas), que ainda possuam escassos logros, deuses, dragões e os demais da Óctupla Divisão, como assim também outros seres viventes que no futuro possam escutar as sinceras e verdadeiras palavras do Tathagata, possivelmente sentirão dúvidas e embora possam receber os ensinamentos da maneira mais respeitosa, não poderão evitar caluniá-los. Lokayestha, por favor, queira explicar-nos qual foi a conduta do Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha enquanto ele esteve na Etapa da Causalidade e conte a respeito dos Votos que ele fez para realizar tal inconcebível tarefa.”



Buda disse a Manjusri:

Fazendo uma comparação, é como se todos os pastos, árvores, bosques, cânhamos, bambus, canas, montanhas, rochas e partículas de pó no sistema do mundo de um milhão de mundos fossem enumerados e cada um convertido em um rio Ganges, enquanto que dentro de cada rio Ganges cada grão de areia se transformasse em um mundo, e dentro desse mundo cada partícula de pó fosse um kalpa, enquanto que dentro desses kalpas as partículas de pó se acumulassem e por sua vez se transformassem em mais kalpas. Aumente esse tempo mil vezes e você saberá quanto tempo o Bodhisattva Ksitigarbha permaneceu no Décimo Estágio. Muito maior foi sua permanência nos estágios de Quem Escuta o Som e no estágio de Pratyekabudha. O espírito temerosamente respeitado e os Votos deste Bodhisattva estão além de nossa compreensão. Se no futuro bons homens e boas mulheres escutarem o nome deste Bodhisattva e o louvarem, venerarem, fazendo-lhe oferendas; ou se desenharem, esculpirem ou pintarem sua imagem, estes nascerão cem vezes no Céu dos Trinta e Três e nunca mais cairão nos Caminhos Nefastos.



Oh! Manjusri, uma quantidade indescritível de kalpas atrás, no mundo e na época do Buda chamado Tathagata Leão de Grande Velocidade nas Dez Mil Práticas, o Bodhisattva Ksitigarbha era filho de um sábio ancião. Vendo o Buda adornado de mil bênçãos, o filho do sábio ancião perguntou quais práticas e Votos lhe permitiriam conseguir tal aparência. O Tathagata disse: “Se você deseja conseguir um corpo perfeito, ao longo dos kalpas deverá libertar os seres viventes que estão passando por sofrimentos”.



Então Manjusri, Ksitigarbha o filho do sábio ancião, fez este Voto: “Eu agora através de incomensuráveis kalpas até os confins do futuro vou estabelecer muitos recursos convenientes pelo bem dos seres que sofrem e dos criminosos nos Seis Caminhos. Quando todos tiverem sido libertados, eu mesmo me aperfeiçoarei no caminho de Buda”.



Desde o tempo em que fez este Voto na presença daquele Buda até o presente, uma indescritível quantidade de nayuta de kalpas se passou e ele continua sendo um Bodhisattva. Além disso, há impensáveis asamkhyeya kalpas havia um Buda chamado Tathagata Rei Auto-suficiente do Samadhi da Flor Iluminada. A vida deste Buda foi de quatrocentos milhões de asamkhyeya kalpas.



Durante a Era da Aparência do Dharma, havia uma mulher brâmane que tinha muitos méritos acumulados em vidas passadas e era respeitada por todos. Quando caminhava, ficava em pé, estava sentada ou deitada, sempre era rodeada e protegida por deuses. Sua mãe, porém, tinha crenças impróprias e frequentemente, desdenhava a Tríplice Jóia. Aquela sábia mulher elaborou muitos planos hábeis para induzir sua mãe a adquirir a visão correta, porém a mãe não acreditava nela totalmente. Não se passou muito tempo para que a vida de sua mãe terminasse e seu espírito caísse no inferno ininterrupto. Sabendo que quando sua mãe estava no mundo não tinha acreditado na lei de causa e efeito, a mulher brâmane deu-se conta de que, de acordo com seu karma, sua mãe renasceria nos estados de desgraça. Então ela vendeu a casa da família, comprou incenso, flores e outros elementos e fez uma grande oferenda no templo de Buda. Quando viu a imponente e majestosa imagem do Tathagata Rei Auto-suficiente do Samadhi da Flor Iluminada, ela sentiu um respeito duplamente maior. Enquanto a mulher brâmane contemplava a venerável imagem, ela pensava: “Os Budas também são chamados Aqueles Grandiosamente Iluminados, Completos, com Total Sabedoria. Se o Buda estivesse neste mundo e eu pudesse perguntar-lhe, Ele seguramente me diria para onde foi minha mãe depois de morta”.



A mulher brâmane chorou por um longo tempo com a sua cabeça abaixada e seu olhar fixo no Tathagatha. De repente uma voz se ouviu no espaço, dizendo: “Oh mulher sagrada que chora, não fique tão triste, eu mostrarei para onde foi sua mãe”. A mulher brâmane juntou as palmas e perguntou: “Que divindade é esta que vem aliviar minhas preocupações? Desde o dia em que perdi minha mãe até agora eu a tenho mantido na minha memória, dia e noite, mas não tenho encontrado nenhum lugar em que eu possa perguntar sobre a região do seu renascimento”.



Uma voz foi ouvida respondendo assim para a sagrada mulher: “Eu sou Aquele a quem você venera e adora o passado Tathagata Rei Auto-suficiente do Samadhi da Flor Iluminada. Como vi que sua preocupação com sua mãe é muito maior do que a dos seres viventes comuns, agora vou mostrar-lhe o lugar de seu renascimento”.



Quando escutou esta voz, a mulher brâmane saltou repentinamente e caiu, ferindo-se gravemente. Aqueles que estavam perto dela ajudaram-na, e após ter sido revivida por algum tempo, ela falou ao espaço e disse: “Por favor, tenha piedade de mim e diga-me depressa o lugar de renascimento de minha mãe, pois minha própria morte está próxima”.



O Tathagata Rei Auto-suficiente do Samadhi da Flor Iluminada disse à santa mulher: “Após haver completado suas oferendas, volte para casa depressa. Sente-se ereta, pensando em meu nome, e saberá com certeza o lugar de renascimento de sua mãe”. Quando a mulher brâmane terminou de adorar o Buda, ela voltou para casa, pensando em sua mãe, sentou-se ereta, invocando o Tathagata Rei Auto-suficiente do Samadhi da Flor Iluminada.



Após um dia e uma noite, ela se viu repentinamente à beira de um mar. As águas ferviam e borbulhavam. Muitos monstros horríveis com corpos de metal voavam sobre o mar em todas as direções. Ela viu centenas de milhares de milhões de homens e mulheres sofrendo e afundando na água, sendo feridos e devorados pelos monstros. Ela também contemplou yakshas, cada um com uma forma diferente, alguns com muitas mãos, muitos olhos, muitas pernas, muitas cabeças. De suas bocas saíam dentes afiados em forma de espadas. Alguns yakshas capturavam os delinquentes e torciam suas cabeças e seus pés. Um número enorme de formas horripilantes, que ninguém se atrevia a contemplar. Durante este tempo a mulher brâmane manteve-se calma e sem medo, graças ao poder proveniente do pensamento no Buda.



Apareceu ali um Rei Fantasma chamado O Sem Veneno, que fez uma reverência, aproximou-se da mulher santa e disse: “Muito bem, Bodhisattva, por que veio até aqui?”



A mulher brâmane perguntou ao Rei fantasma: “Que lugar é este?”.



O Sem Veneno respondeu: “Este é o primeiro mar do lado ocidental da Grande Montanha do Anel de Aço”.



A santa mulher perguntou: “Ouvi dizer que o inferno se encontra dentro do anel de aço. É este o lugar?”



O Sem Veneno respondeu: “O inferno é aqui mesmo”.

.

A santa mulher perguntou: “Como foi que eu vim parar no inferno?”



O Sem Veneno respondeu: “Ninguém pode vir até aqui, a menos que tenha um espírito prodigioso ou o karma requerido”.



A santa mulher perguntou: “Por que está fervendo a água e por que há tantos criminosos e monstros perversos?”





O Sem Veneno respondeu: “Estes são seres de Jambudvipa mortos há pouco tempo que durante quarenta e nove dias não tiveram parentes para realizar ações meritórias em seu favor e resgatá-los das dificuldades; durante suas vidas não semearam nenhuma causa nobre. De acordo com os atos de cada um deles surgem os infernos e eles devem passar por este mar. Dez mil yojanas a leste deste mar encontra-se outro mar, com o dobro dos sofrimentos deste. A leste deste outro mar há mais outro mar, onde os sofrimentos são duplicados novamente. O que as causas perversas combinadas dos três veículos kármicos evocam é chamado Mar do Karma. Este é o lugar”.



A santa mulher perguntou novamente ao Rei Fantasma Sem Veneno: “Onde ficam os infernos?”



O Sem Veneno respondeu: “Dentro dos três mares há centenas de milhares de grandes infernos, cada um diferente do outro. Conhecidos como grandes infernos, há dezoito. Em seguida há quinhentos, com ilimitados e cruéis sofrimentos. Além deles, há mais de cem mil com sofrimentos sem limites”.



A santa mulher novamente falou ao Rei Fantasma: “Minha mãe morreu recentemente e eu não sei que caminho ela tomou”.



O Rei Fantasma perguntou à santa mulher: “Bodhisattva, quando sua mãe estava com vida, quais eram seus atos habituais?”



A santa mulher respondeu: “Minha mãe tinha idéias erradas, insultava a Tríplice Jóia. Às vezes acreditava, mas não por muito tempo. Morreu há poucos dias, mas não sei onde renasceu”.



O Sem Veneno perguntou: “Bodhisattva, qual era o nome de sua mãe?”



A santa mulher respondeu: “Meu pai e minha mãe eram brâmanes, meu pai se chamava Shan Chien e minha mãe se chamava Yueh Ti Li”.



O Sem Veneno uniu as mãos e disse ao Bodhisattva: “Por favor, ser sagrado, volte ao seu lugar de origem. Não fique preocupada ou triste. Yueh Ti Li, a mulher com karma pesado, nasceu nos céus três dias atrás. Dizem que teve êxito graças a uma filha que fez oferendas e cultivou méritos em seu nome no templo do Tathagata Rei Auto-suficiente do Samadhi da Flor Iluminada. Não somente a mãe do Bodhisattva foi aliviada do inferno, mas como resultado de tais méritos, outros detratores que mereciam ininterrupta punição também receberam a felicidade e renasceram. O Rei Fantasma terminou de falar e retrocedeu respeitosamente.



A mulher brâmane voltou a si como se despertasse de um sonho. Entendeu o que tinha acontecido e realizou no templo um profundo Voto diante da imagem do Tathagata Rei Auto-suficiente do Samadhi da Flor Iluminada, dizendo: “Eu faço Votos de estabelecer muitos recursos adequados para ajudar os seres viventes que estão sofrendo por seus crimes. Até o final dos futuros kalpas eu vou fazer com que esses seres obtenham a libertação”.



Buda disse a Manjusri:

O Rei Fantasma Sem Veneno é o atual Bodhisattva Regente da Abundância. A mulher brâmane é agora o Bodhisattva Ksitigarbha.







CAPÍTULO II





REUNIÃO DE CORPOS REDUPLICADOS





Neste momento, vindos de dezenas de centenas de milhares de milhões de inconcebíveis, imensuráveis, inefáveis asamkhyeya de mundos de todos os lugares onde há infernos, os corpos reduplicados do Bodhisattva Ksitigarbha reuniram-se no palácio do Céu Trayastrimsa. Pelo poder do Tathagata, cada um veio de sua própria direção, juntamente com milhares de dezenas de milhares de nayuta daqueles que obtiveram a libertação dos caminhos do karma. Todos chegaram trazendo incenso e flores como oferendas ao Buda. Como resultado dos ensinamentos do Bodhisattva Ksitigarbha, todos os que vieram eram irreversíveis em Anuttarasamyaksambodhi, embora há muitos kalpas atrás estiveram errando entre nascimentos e renascimentos, suportando os sofrimentos nos Seis Caminhos, sem nem ao menos uma pausa para respirar. Devido à grande compaixão e aos profundos votos do Bodhisattva Ksitigarbha, todos testemunharam a obtenção dos frutos da Iluminação. Quando chegaram ao Céu Trayastrimsa, com seus corações exaltados, seus olhos não deixaram de contemplar nem por um momento o Tathagata.



Neste momento o Lokayestha estendeu seu braço dourado sobre os corpos reduplicados do Bodhisattva Ksitigarbha, provenientes de dezenas de centenas de milhares de milhões de inconcebíveis, imensuráveis, inefáveis asamkhyeya de mundos e disse:



Eu ensino e transformo os obstinados seres viventes nos perversos mundos das Cinco Corrupções, fazendo com que suas mentes entrem no eixo e sejam conquistadas, renunciem ao que é errado e retornem ao que é certo, embora um ou dois de cada dez continuem tendo maus hábitos, então, eu também me divido em centenas de milhares de milhões de corpos para assim poder estabelecer numerosos recursos convenientes para eles. Existem aqueles que seguem os bons caminhos, que escutam e logo fielmente aceitam. Há outros que já colheram boas retribuições e foram intensamente exortados a seguir neste caminho. Há outros, torpes e escuros, que devem ser longamente ensinados e transformados para poderem efetuar seu retorno. Há outros cujo karma é tão pesado que nem merecem respeito. A reduplicação de corpos atravessa e liberta todas essas variadas formas de seres viventes sejam eles manifestados em forma de homens, em forma de mulheres, em forma de deuses ou dragões, em forma de espíritos, em forma de montanhas, bosques, rios, lagos para poderem beneficiar as pessoas. Todos eles salvam os seres seja com a forma de imperadores divinos, seja com a forma de reis brâmanes, seja com a forma de reis que giram a roda do Dharma, seja com a forma de leigos, seja com a forma de reis de países, seja com a forma de primeiros-ministros, seja com a forma de funcionários de Estado, seja com a forma de Bhiksus ou Bhiksunis, Upasakas, Upasikas, Aqueles que Escutam o Som, Arhats, Pratyeka-budas e Bodhisattvas, podem manifestar-se com o propósito de resgatar os seres e ensinar-lhes. Não é somente o corpo de um Buda que se manifesta.



Trabalhei por muitos kalpas e suportei diferentes formas de sofrimentos para poder conduzir e libertar esses seres viventes que são obstinados, difíceis de transformar e que sofrem ofensas. Dentre esses, os que não se regeneram sofrem retribuições de acordo com seu karma. Se eles tiverem que cair em estados de desgraça, se tiverem que suportar um tempo de grande sofrimento, vocês devem recordar meu repetido compromisso no Palácio do Céu Trayastrimsa: “Até a vinda de Maitreya, hei de fazer com que todos os seres viventes do mundo Saha obtenham a libertação, deixem de sofrer eternamente, encontrem Budas e recebam suas profecias”.



Neste momento, os corpos reduplicados do Bodhisattva Ksitigarbha de todos os mundos regressaram juntos a uma só forma e piedosamente ele disse ao Buda:

Durante longos kalpas recebi os conselhos de Buda o que fez com que eu obtivesse incontáveis poderes espirituais e grande sabedoria. Meus corpos reduplicados enchem tantos mundos como há grãos de areia em dezenas de centenas de milhares de rios Ganges. Em cada um desses mundos eu me transformo em dezenas de milhões de corpos, cada um dos quais conduz dezenas de centenas de milhares de pessoas fazendo com que elas voltem respeitosamente à Triplice Jóia, eternamente deixem o Samsara e alcancem a alegria do Nirvana. Mesmo que suas boas ações dentro do Budadharma sejam tão pequenas como a espessura de um fio de cabelo, uma gota, um grão de areia, uma partícula de pó, aos poucos eu farei com que sejam libertadas e alcancem grandes benefícios. Desejo que o Lokayestha não se preocupe com os futuros seres viventes com karma perverso.

Assim, Ksitigarbha repetiu três vezes para o Buda:

Desejo que o Lokayestha não se preocupe com os futuros seres viventes com karma perverso.



Neste momento o Buda louvou o Bodhisattva Ksitigarbha dizendo- lhe:

Muito bem, muito bem, vou ajudá-lo nesta tarefa que com tão boa vontade você empreendeu. Quando tiver completado estes grandiosos Votos, após longos e distantes futuros kalpas, realizará instantaneamente a Bodhi.

















































CAPÍTULO III





CONTEMPLANDO A CONDIÇÃO KÁRMICA DOS SERES VIVENTES







Nesse momento a mãe de Buda, a Rainha Maya, juntou suas mãos respeitosamente e disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

“Santo Homem, os atos cometidos pelos seres viventes de Jambudvipa diferem. Quais são suas punições?”



Ksitigarbha respondeu:

Em mil dezenas de milhares de mundos e terras com ou sem infernos, com ou sem mulheres, com ou sem Budadharma, Aqueles que Ouvem os Sons, Pratyekabuddhas e outros, as punições dos infernos diferem.



A Rainha Maya voltou a dizer ao Bodhisattva:

“Gostaria de escutar somente sobre os maus caminhos, que são as punições pelas ofensas de Jambudvipa”.



Ksitigarbha respondeu:

Santa Mãe, escute-me e lhe explicarei de forma geral.



A mãe do Buda respondeu: ”Espero que o faça”.



O Bodhisattva Ksitigarbha disse à Santa Mãe:

Estas são as punições pelas ofensas em Jambudvipa: os seres viventes que não demonstrarem amor filial por seus pais, ou que os ferirem ou matarem, então cairão no inferno ininterrupto de onde fugir em vão tentarão por mil milhões de kalpas. Os seres viventes que o sangue de Buda tiverem derramado, a Tríplice Jóia tiverem caluniado, os Sutras não tiverem venerado e respeitado, então cairão no inferno ininterrupto de onde fugir em vão tentarão por mil milhões de kalpas. Os seres viventes que propriedades tiverem usurpado, Bhiksunis ou Bhikhsus tiverem profanado, praticado atos sexuais no Sangharama, seres viventes lá ferido ou matado, então cairão no inferno ininterrupto de onde fugir em vão tentarão por mil milhões de kalpas. Os seres viventes que finjam ser shramanas, sem de fato terem o coração de shramana, aqueles que façam mau uso dos bens dos que “residem permanentemente”, aqueles que tirarem proveito dos que usam “roupas brancas” e voltem suas costas aos preceitos para atos perversos poderem praticar, então cairão no inferno ininterrupto de onde fugir em vão tentarão por mil milhões de kalpas. Os seres viventes que dos que “residem permanentemente” (monges) as propriedades quiserem roubar grãos, comida, roupas, bebida, qualquer coisa que não se deva tomar então cairão no inferno ininterrupto de onde fugir em vão tentarão por mil milhões de kalpas.



Ksitigarbha continuou dizendo à Bendita Mãe:

Se os seres viventes cometerem essas ofensas cairão nos infernos ininterruptos e, embora tentem eliminar seus sofrimentos, não o conseguirão nem pelo tempo de um pensamento.



A Rainha Maya perguntou ao Bodhisattva Ksitigarbha: “Por que são chamados infernos ininterruptos?”



Ksitigarbha respondeu:

Bendita Mãe, os infernos se encontram todos dentro da Grande Montanha do Anel de Aço. Os grandes infernos são dezoito, os secundários são quinhentos e os seus nomes são todos diferentes. Além deles tem os infernos menores que são cem mil, também com nomes diferentes. A parede que circunda os infernos ininterruptos tem mais de oitenta mil yojanas de circunferência, é feita inteiramente de ferro, tem altura de dez mil yojanas e sobre ela há uma massa contínua de fogo. Dentro desta cidade de infernos encontram-se muitos infernos interligados, seus nomes também são diferentes. Há apenas um inferno que é chamado de ininterrupto, sua circunferência é de dezoito mil yojanas, sua muralha de ferro tem mil yojanas de altura e é cercada por um fogo que cai de cima para baixo e um fogo que vai de baixo para cima. Cães e serpentes de aço cuspindo fogo correm de um lado para o outro, em cima desta muralha.



No meio deste inferno há uma cama que se estende por dez mil yojanas. Quando uma pessoa sofre castigo, vê seu próprio corpo estendido e cobrindo por completo esta cama. Milhares de milhões de pessoas vêem seu próprio corpo passando por este sofrimento. Tais são as punições por uma grande variedade de atos perversos. Os infratores sofrem ainda muitos outros sofrimentos. Cem mil yakshas, como também malvados fantasmas com dentes em forma de facas e olhos como relâmpagos os arrastam com suas garras de bronze. Além disso, há yakshas que seguram grandes lanças de metal e atravessam com elas os corpos dos infratores através dos narizes e bocas, através de suas barrigas e ombros. Os jogam para cima, os fazem girar e os atraem novamente, ou então os põem na cama. Também há águias de metal que bicam os olhos dos infratores, e serpentes de aço que rodeiam suas cinturas. Longas unhas são enfiadas entre suas articulações e suas línguas são arrancadas e espetadas, suas entranhas arrancadas e estraçalhadas. Bronze fundido é despejado em suas bocas e seus corpos presos com aço quente. Tais são as punições kármicas através de dez mil mortes e número igual de nascimentos. Eles passam por milhares de kalpas em busca de alívio, desesperançadamente.



Quando este mundo se desintegra, o infrator renasce em outro. Quando este mundo é aniquilado, ele passa para outros. Quando esses outros mundos também caem, ele retorna novamente. Tal é o fenômeno das permanentes retribuições pelas infrações.

Por cinco razões este inferno é chamado ininterrupto. Quais são as cinco razões? Primeira razão: o castigo é suportado dia e noite através dos kalpas, não há tempo nem para respirar. Assim por tal razão chama-se então ininterrupto. Segunda razão: uma pessoa o recebe juntamente com um grande número de outras pessoas. Assim por tal razão chama-se então ininterrupto. Terceira razão: os instrumentos de tortura são garfos, garrotes, águias, serpentes, lobos e cães que pegam, moem, serram, perfuram, matam, cortam e picam. Redes de aço, cordas de aço, asnos de aço, cavalos de aço que esfolam as pessoas vivas, amarram as cabeças e despejam aço quente sobre o corpo. Aves de aço que esfolam as pessoas vivas. Assim por tal razão chama-se então ininterrupto. Quarta razão: seja um homem, uma mulher, um bárbaro, jovem ou velho, honrado ou ordinário, um dragão ou espírito, um deus ou um fantasma, todos devem suportar as punições pelas infrações que cometeram. Assim por tal razão chama-se então ininterrupto. Quinta razão: desde o momento da entrada, uma pessoa sofre dez mil mortes e o mesmo número de nascimentos a cada dia e cada noite durante cem mil kalpas. Esta pessoa pode tentar achar alívio pelo espaço de um pensamento, mas nem mesmo uma pausa tão pequena é possível. Pode-se conseguir o renascimento apenas quando o karma de cada um está esgotado. E assim, por tal razão chama-se então ininterrupto.



O Bodhisattva Ksitigarbha disse à Bendita Mãe:

Esta é a descrição generalizada do inferno ininterrupto. Se eu fosse falar em detalhes dos nomes dos instrumentos de castigo dos infernos e de todos aqueles que lá sofrem, não terminaria de falar por um kalpa inteiro.



A Rainha Maya ao escutar estas palavras juntou suas palmas com ar de tristeza, fez uma reverência e retirou-se.































































































CAPÍTULO IV





A RETRIBUIÇÃO KÁRMICA DOS SERES VIVENTES







Neste momento o Bodhisattva Ksitigarba disse ao Buda:

Lokayestha, como recebi os impressionantes poderes espirituais do Buda Tathagata vou reduplicar meu corpo para resgatar os seres viventes de suas retribuições kármicas através de centenas de milhares de milhões de mundos. Se não fosse pela grande força compassiva do Tathagata eu seria incapaz de realizar essas mudanças e transformações. Eu agora recebo a confiança do Lokayestha e até a vinda do Ajita farei com que os seres viventes nos Seis Caminhos obtenham a libertação. Sendo assim, Lokayestha, não se preocupe.



Então o Buda disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

Os seres viventes que ainda não obtiveram a libertação têm consciências e naturezas inconsistentes. Eles podem praticar o bem e o mal e colher o karma correspondente. Seus atos bons ou maus surgem de acordo com seus estados e então eles caem nos Cinco Caminhos sem um único momento de alívio. Eles passam pelos kalpas numerosos como partículas de pó, confundidos, enganados, obstruídos e aflitos pelas dificuldades como peixes nadando rio abaixo atravessando redes. Podem escapar por entre as redes por algum tempo, mas logo após uma libertação temporária são aprisionados novamente. Eu estou preocupado com este tipo de seres, mas já que você fez Votos tão extensos e jurou salvar tais infratores através de muitos kalpas, já não tenho motivo de preocupação.



Quando isto foi dito, um Bodhisattva Mahasattva chamado Rei da Livre Existência no Samadhi levantou-se no meio da assembléia e disse ao Buda:

“Lokayestha, quais são os Votos que durante tantos kalpas fez o Bodhisattva Ksitigarbha que agora recebe o louvor especial do Lokayestha? Por favor, Lokayestha, fale sobre isto.”



O Lokayestha, dirigindo-se ao Rei da Livre Existência no Samadhi disse:

Escute atentamente, considere bem isto. Agora explicarei este assunto para você. Uma vez, há ilimitados asamkyeya nayuta de kalpas, havia um Buda chamado Tathagata Realizado Completamente em Toda a Sabedoria, o Merecedor de Oferendas, Aquele com a Correta e Equitativa Iluminação, o Perfeito em sua Conduta e Claridade, o Bem Adiantado, o Erudito Insuperável que Compreende o Mundo, o Valente Domador e Guia, o Mestre de Homens e Deuses, o Buda, o Lokayestha. A vida deste Buda foi de sessenta mil kalpas. Antes de se tornar monge, havia sido o rei de um pequeno país e tinha mantido amizade com o rei de um país vizinho. Juntos eles praticavam as Dez Boas Ações e beneficiavam os seres viventes. Devido a que os cidadãos destes países cometessem muitos atos perversos, os reis decidiram preparar recursos convenientes para beneficiá-los. Um deles fez o Voto: “Hei de realizar-me no caminho de Buda pressurosamente e logo salvarei todos os outros sem exceção”. O outro rei fez os seguintes Votos: “Não alcançarei a Budeidade sem antes salvar todos aqueles que sofrem por suas ofensas e ajudá-los a alcançar a paz e a Bodhi”.





O Buda, continuando com o relato, disse ao Bodhisattva Rei da Livre Existência no Samadhi:

O rei que fez os Votos de realizar-se como Buda rapidamente é o Realizado Completamente em toda Sabedoria. O rei que fez os Votos de não ser um Buda até ver todos os demais sem incidentes na outra margem é o Bodhisattva Ksitigarbha.



Além disso, infinitos asamkyeya nayuta de kalpas atrás, um Buda chamado Tathagata de Olhos Puros de Lótus apareceu no mundo. Seu ciclo de vida foi de quarenta kalpas. Durante seu período em que o Dharma era ensinado com sua imagem, um Arhat que tinha muitos méritos e tinha salvado muitos seres viventes, ensinando-lhes à medida que os ia encontrando, conheceu uma mulher chamada Olhos Brilhantes, que lhe ofereceu comida.



“Qual é seu desejo?”, perguntou o Arhat.



Olhos Brilhantes respondeu: “No dia da morte da minha mãe realizei feitos meritórios para seu resgate, mas ainda não sei em qual caminho ela renasceu”.



Sentindo pena dela, o Arhat entrou em samadhi para contemplar e viu que a mãe de Olhos Brilhantes havia caído num caminho nefasto e estava suportando grandes sofrimentos. O Arhat perguntou-lhe:

“O que fez sua mãe, para que deva agora suportar tais castigos num caminho nefasto?”



Olhos Brilhantes respondeu:

“Minha mãe gostava de comer peixes, tartarugas e animais semelhantes. Ela gostava deles de preferência fritos ou fervidos e foi por seu grande gosto pela comida que eliminou milhares de vidas. Diga-me pois, Venerável Compassivo, como pode ela ser salva?”



O Arhat, sentido pena dela, estabeleceu um plano conveniente e disse: “Com um desejo sincero, pense no Tathagata Olhos Puros de Lótus, e faça também pinturas e esculturas de sua imagem para benefício dos vivos e dos mortos”.



Tendo escutado isto, Olhos Brilhantes renunciou a tudo que ela possuía e fez oferendas diante de uma imagem daquele Buda, chorando penosamente, contemplando-o e adorando-o. De repente, tarde da noite, como se fosse um sonho, ela viu o corpo daquele Buda brilhando com uma cor dourada, tão grande como o Monte Sumeru, emitindo luzes intensas.



Ele disse a Olhos Brilhantes:

“Em pouco tempo sua mãe renascerá em sua casa e antes que saiba o que é o frio e o que é a fome ela falará”. Pouco tempo depois uma empregada teve um filho que falou três dias depois de haver nascido. Baixando sua cabeça e chorando penosamente ele disse a Olhos Brilhantes: “Na vida e na morte temos que suportar as retribuições de nossos próprios atos. Eu sou sua mãe e estive nas trevas por muito tempo. Desde que deixei você estive constantemente renascendo nos grandes infernos. Como resultado de ter recebido o poder de seus atos meritórios fui capaz de renascer, mas apenas como um menino pobre de classe baixa e meu tempo de vida será curto. Após treze anos vou novamente cair num Caminho Nefasto. Você não teria uma forma de conseguir minha libertação ?”



Quando Olhos Brilhantes ouviu as palavras do filho da empregada soube que era sua mãe sem dúvida e entre soluços disse ao menino: “Já que você é minha mãe, deve saber quais foram suas ofensas. Que atos você cometeu que causaram sua queda nos Caminhos Nefastos?”



O filho da empregada disse: “Suportei esta punição como resultado de matar e caluniar. Se eu não tivesse recebido os méritos que você ganhou para resgatar-me desta dificuldade, meu karma seria tão grande que eu não teria ainda sido libertado.”



Diante disso Olhos Brilhantes perguntou: “O que aconteceu durante a retribuição nos infernos?”



O filho da empregada respondeu: “Somente falar nesses sofrimentos já é insuportável, e nem cem mil anos seriam suficientes para descrevê-los todos.”



Olhos Brilhantes escutou isto e chorou amargamente. Dirigindo-se ao espaço, disse: “Que minha mãe possa estar livre dos infernos para sempre e depois destes treze anos possa ela ser libertada de suas graves ofensas e deixar os Caminhos Nefastos. Oh, Budas das dez direções tenham compaixão e pena de mim. Escutem os profundos Votos que estou fazendo pelo bem de minha mãe. Se ela puder deixar os Três Caminhos para sempre, deixar as classes baixas, deixar o corpo de mulher e nunca mais ter que tolerá-los, então diante da imagem do Tathagata de Olhos Puros de Lótus, faço Votos que deste dia em diante, através de centenas de milhares de dezenas de milhares de milhões de kalpas, resgatarei os seres viventes que estão sofrendo nos infernos e nos Três Caminhos por suas ofensas. Resgatarei a todos eles, fazendo com que deixem os reinos dos infernos, dos espíritos famintos, dos animais e semelhantes. Somente quando todos os seres que estão suportando a retribuição por suas ofensas tiverem-se convertido em Budas, só então, realizarei a Correta Iluminação para mim mesmo”.



Após haver feito este Voto, escutou claramente o Tathagata de Olhos Puros de Lótus que lhe disse: “Olhos Brilhantes, você tem uma grande compaixão que torna possível que você faça este grande Voto em benefício de sua mãe. Vejo que sua mãe deixará este corpo depois de treze anos e renascerá como um brâmane com um tempo de vida de cem anos. Após esta vida ela renascerá com um tempo de vida de kalpas na Terra da Não Preocupação, após o que, ela se realizará como Buda e salvará tantos homens e deuses quanto há grãos de areia no rio Ganges”.



O Buda Shakyamuni disse ao Rei da Livre Existência no Samadhi:

O Arhat com grandes méritos que ajudou Olhos Brilhantes é agora o Bodhisattva da Inesgotável Intenção, a mãe de Olhos Brilhantes é o Bodhisattva da Libertação e Olhos Brilhantes é agora o Bodhisattva Ksitigarbha.



Através de muitos kalpas, devido à sua compassiva piedade, ele fez tantos Votos quanto há grãos de areia no rio Ganges para resgatar os seres viventes.



Homens e mulheres que no futuro não pratiquem o bem e façam o mal, que não acreditem na Lei de Causa e Efeito, que tenham condutas sexuais impróprias e dêem falso testemunho, que sejam hipócritas, utilizem palavras cruéis e caluniem o Grande Veículo, cairão com certeza nos Caminhos Nefastos. Mas se eles encontrarem um bom e sábio conselheiro que apenas movendo um dedo leve-os a se refugiarem no Bodhisattva Ksitigarbha, esses seres viventes encontrarão alívio de sua retribuição nos Três Caminhos Nefastos. Aqueles cujos atos mostrarem deferência, que sejam respeitosos com uma mente determinada, que contemplem com adoração, louvem e façam oferendas de flores, incensos, roupas, jóias, comidas e bebidas, renascerão nos céus. Ali desfrutarão de suprema felicidade por centenas de milhares de kalpas. Quando seus méritos celestiais tiverem terminado e voltarem a nascer no mundo dos homens, serão reis imperiais por centenas de milhares de kalpas e serão capazes de recordar as causas e resultados de suas vidas passadas. Oh! Rei da Livre Existência no Samadhi, o Bodhisattva Ksitigarbha tem grandes poderes espirituais, incríveis e majestosos, para beneficiar a todos os seres viventes. Todos vocês, Bodhisattvas, devem recordar este Sutra, proclamá-lo e difundi-lo amplamente.



O Rei da Livre Existência no Samadhi disse ao Buda:

“Lokayestha, não se preocupe. Nós, milhares de dezenas de milhares de milhões de Bodhisattvas, Mahasattvas, recebendo o incrível espírito de Buda, vamos com certeza difundir este Sutra amplamente através de Jambudvipa para benefício dos seres viventes.”



Tendo falado assim ao Buda, o Bodhisattva Rei da Livre Existência no Samadhi juntou suas palmas respeitosamente, fez uma reverência e retirou-se.



Neste momento os Quatro Reis Celestiais se levantaram de seus assentos, juntaram suas palmas em sinal de respeito e disseram ao Buda:

”Lokayestha, como é que o Bodhisattva Ksitigarbha, tendo feito extensos Votos por tantos kalpas, ainda não completou sua tarefa de salvar os seres viventes? Por que continua fazendo Votos tão extensos? Por favor, Lokayestha, explique-nos isto”.



O Buda disse aos Quatro Reis Celestiais:

Excelente, excelente. Para seu benefício, assim como para o benefício dos homens e deuses do presente e do futuro falarei das obras do Bodhisattva Ksitigarbha nos caminhos de nascimento e morte em Jambudvipa, no Mundo Saha. Vou falar de suas idéias engenhosas e de sua compaixão e piedade resgatando, salvando e libertando os seres que sofrem por suas ofensas.



Os Quatro Reis Celestiais disseram:

“Sim, Lokayestha, gostaríamos de conhecer sua obra”.



O Buda disse aos Quatro Reis Celestiais:

O Bodhisattva Ksitigarbha desde muitos kalpas atrás até o presente salvou e libertou os seres viventes; por piedade e compaixão por aqueles que ainda sofrem no mundo não terminou de completar seus Votos. Além disso, ele vê que as causas deles por ilimitados kalpas no futuro são como parreiras e amoreiras sem podar, e por isso ele faz esses magníficos Votos. Desta maneira este Bodhisattva no continente de Jambudvipa, no Mundo Saha, ensina e transforma os seres por meio de milhares de dezenas de milhares de milhões de engenhosos métodos.



Reis, o Bodhisattva Ksitigarbha, para os assassinos fala de uma retribuição de uma curta vida; para os ladrões fala de uma retribuição de grandes sofrimentos e pobreza; para os que praticam condutas sexuais impróprias fala de uma retribuição de renascerem como pombas, patos e patas; para os maledicentes fala de uma retribuição de uma família com disputas.



Para os caluniadores fala de uma retribuição de uma boca ulcerosa e sem língua; para os que odeiam fala de seres feios e inválidos; para os mesquinhos fala de desejos frustrados; para os glutões fala de uma retribuição de enfermidade, fome e sede; para os que gostam de caçar fala de uma retribuição de uma espantosa loucura e desastrosa perdição.



Para os que maltratam pais e mães fala de uma retribuição de calamidades e destruição vinda do céu ou da terra; para os que queimam árvores e bosques nas montanhas fala de morte e problemas psíquicos; para os pais e padrastos cruéis fala de uma retribuição de serem flagelados em vidas futuras; para os que encurralarem e aprisionarem animais jovens fala de uma retribuição em que suas carnes se separarão de seus ossos; para os que caluniam a Tríplice Jóia fala de uma retribuição de serem cegos, surdos ou mudos; para aqueles que menosprezarem o Dharma e encararem seus ensinamentos com arrogância ele fala de ficar nos Caminhos Nefastos para sempre; para os que se utilizarem de maneira indevida das coisas dos monges fala de uma retribuição de ficarem nos infernos por um número incontável de kalpas; para aqueles que conspurcarem a conduta pura dos outros e propositalmente caluniarem o Sangha fala de uma eternidade no reino animal; para aqueles que ferverem, queimarem, decapitarem, cortarem ou causarem qualquer tipo de dano aos animais fala de retribuição semelhante ao que fizeram.



Para aqueles que violarem os preceitos e regulamentos da alimentação correta fala de retribuições de renascer como pássaros ou animais sofrendo fome e sede; para aqueles que utilizarem inescrupulosamente e destruírem as coisas fala de uma retribuição de nunca obter o que perseguem; para aqueles que forem arrogantes e altivos fala de uma retribuição de serem serventes e de classe baixa; para aqueles que se comportarem falsamente provocando brigas e mal-estar fala de uma retribuição de mutismo e defeitos de fala; para os que seguirem crenças desviadas fala de renascimentos nas regiões fronteiriças.



Esta é uma descrição geral das centenas de milhares de diferentes retribuições resultantes dos maus atos do corpo, fala e mente cometidos pelos seres viventes de Jambudvipa. Como cada caso é diferente do outro, o Bodhisattva Ksitigarbha usa centenas de milhares de métodos para ensinar a eles. Os seres viventes que cometem ofensas devem primeiro sofrer retribuições como estas e então cair nos infernos onde ficarão por muitos kalpas sem nenhum momento de alívio. Vocês devem portanto, proteger as pessoas e seus países. Não permitam que os seres viventes estejam confundidos por tão variadas ações.



Os Quatro Reis Celestiais tendo escutado isto choraram comovidos, juntaram as mãos e se retiraram.







































CAPÍTULO V



OS NOMES DOS INFERNOS





Então o Bodhisattva Mahasattva Samantabhadra disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

“Oh Você! Compassivo, pelo bem dos deuses, dragões e da quádrupla assembleia, bem como por todos os seres viventes do presente e do futuro, por favor, fale sobre os nomes dos infernos e descreva as retribuições pelo mal realizado pelos seres viventes de Jambudvipa no Mundo Saha para informar a todos os seres na época da decadência do Dharma”.



O Bodhisattva Ksitigarbha respondeu:

Oh! Compassivo, recebendo o grandioso espírito de Buda, assim como também sua própria força, falarei em termos gerais dos nomes dos infernos e das retribuições pelas ofensas e pelo mal cometido. Oh! Compassivo, a leste de Jambudvipa há uma montanha chamada Anel de Ferro, que está nas trevas e não recebe a luz nem do Sol nem da Lua. Ali se encontra um grande inferno chamado Ininterrupto e outro chamado O Grande Avici. Ali existe também um inferno chamado Quatro Pontas, um inferno chamado Facas Voadoras, um inferno chamado Flecha em Chamas, um inferno chamado Montanhas que Expremem; um inferno chamado Lanças Afiadas, um inferno chamado Carro de Ferro, um inferno chamado Cama de Ferro, um inferno chamado Bois de Ferro; um inferno chamado Roupagens de Ferro, um inferno chamado Milhares de Fios, um inferno chamado Burros de Ferro, um inferno chamado Bronze Fundido; um inferno chamado Pilar Envolvente, um inferno chamado Fogo Emergente, um inferno chamado Línguas Sulcadas, um inferno chamado Cortador de Cabeças; um inferno chamado Pés Ardentes, um inferno chamado Olhos Furados, um inferno chamado Perdigões de Ferro, um inferno chamado Contenda, um inferno chamado Machados de Ferro, um inferno chamado Muito Ódio.



O Bodhisattva Ksitigarbha continuou dizendo:

Oh! Compassivo, tais são os ilimitados números de infernos dentro do Anel de Ferro. Além disso, há um inferno de Gritos, um inferno de Línguas Arrancadas, um inferno de Esterco e Urina, um inferno de Cadeados de Latão, um inferno de Elefantes de Fogo, um inferno de Cães de Fogo, um inferno de Cavalos de Fogo, um inferno de Bois de Fogo, um inferno de Montanhas de Fogo, um inferno de Pedras de Fogo, um inferno de Camas de Fogo, um inferno de Vigas de Fogo, um inferno de Águias de Fogo, um inferno de Dentes Cerrados, um inferno de Peles Esfoladas, um inferno de Beber Sangue, um inferno de Mãos Ardentes, um inferno de Pés Ardentes, um inferno de Espinhas Suspensas, um inferno de Casas Ardentes, um inferno de Habitações de Ferro, um inferno de Lobos de Fogo. Tais são os infernos e dentro de cada um deles há uma, duas, ou três, ou quatro centenas de milhares de infernos menores, cada um deles com seu próprio nome.



O Bodhisattva Ksitigarbha, explicando mais, disse ao Bodhisattva Samantabhadra: Oh! Compassivo, tais são as retribuições kármicas para os seres viventes de Jambudvipa que façam o mal. O poder do karma é imensamente grande, tão grande quanto a montanha Sumeru, pode ser mais profundo do que o imenso oceano e pode obstruir o caminho da sabedoria. Por esta razão os seres viventes não devem menosprezar os pequenos males e pensar que eles sejam inofensivos, pois depois da morte sofrerão terríveis retribuições.



Pai e filho podem estar muito próximos, mas seus caminhos divergem, cada um segue seu próprio caminho, e mesmo que se encontrem não vão consentir em enfrentar os sofrimentos no lugar do outro. Eu agora, valendo-me dos extraordinários poderes espirituais do Buda, vou falar das retribuições infernais pelas ofensas cometidas. Por favor, Oh, Compassivo, escute estas palavras.



O Bodhisattva Samantabhadra respondeu:

“Tenho grande conhecimento das retribuições dos Três Caminhos Nefastos. Por favor, Senhor, as divulgue para que os seres viventes que façam o mal no tempo futuro da era da decadência do Dharma, possam escutar suas palavras e, então, refugiar-se no Buda”.



O Bodhisattva Ksitigarbha disse:

Oh, Compassivo, estes são os fenômenos das retribuições nos infernos pelas ofensas. Existe um inferno no qual a língua dos que ofendem é esticada e sulcada por bois, um inferno no qual o coração dos que ofendem é extraído e devorado por yakshas, um inferno no qual o corpo dos que ofendem é cozido em caldeirões ferventes, um inferno no qual o que ofende é obrigado a abraçar um pilar de bronze quente, um inferno no qual o que ofende é cercado de fogo por todos os lados, um inferno onde há frio e gelo, um inferno cheio de esterco e urina, um inferno onde há porretes voadores, um inferno onde há muitas lanças ardentes, um inferno onde se é constantemente batido no peito e nas costa, um inferno onde pés e mãos são queimados, um inferno onde quem ofende é envolvido e amarrado por serpentes de ferro, um inferno onde há cães de ferro que correm, um inferno onde quem ofende é esmagado entre burros de ferro.



Oh, Compassivo, para estas retribuições, em cada inferno, há centenas de milhares de tipos de instrumentos para tortura e punição. Estes instrumentos são feitos somente de cobre, ferro, pedra ou fogo. Estes quatro materiais e os instrumentos de tortura e punição são uma retribuição kármica das variadas ações.



Agora, pelo grande poder de Buda eu completei a enumeração dos diferentes tipos de retribuições nas variadas classes de infernos. Se eu tivesse que explicar em detalhe as retribuições infernais pelas ofensas realizadas, em cada um dos inumeráveis infernos, com as centenas de milhares de tipos de terríveis sofrimentos em cada um deles, não seria possível mesmo que falasse durante inumeráveis kalpas.































CAPÍTULO VI





OS LOUVORES DO TATHAGATA







Naquele momento, o Lokayestha emitiu de todo seu corpo uma grande e imensa luz, iluminando tantas Terras de Budas como há grãos de areia em centenas de milhares de milhões de rios Ganges. Com um grande som falou a todos os Bodhisattvas Mahasattvas de todas as Terras de Budas, assim também como aos deuses, dragões, fantasmas e espíritos, humanos, não humanos e outros, dizendo:

Todos vocês escutem! Agora eu exalto e louvo as ações do Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha, o qual manifesta grandes, inconcebíveis e impressionantes poderes compassivos para resgatar e proteger os seres viventes em qualquer lugar onde eles encontrem miséria e sofrimento. Após minha extinção, todos vocês Bodhisattvas, grandes seres e vocês deuses, dragões, fantasmas, espíritos e outros deverão por em prática recursos adequados para proteger este Sutra e fazer com que todos os seres viventes contemplem a bênção do Nirvana.



Depois que isto foi dito, um Bodhisattva chamado Universalmente Expansivo levantou-se no meio da assembléia, juntou suas palmas respeitosamente e disse ao Buda:

“Agora nós escutamos os louvores que o Lokayestha fez à extraordinária virtude do Bodhisattva Ksitigarbha. Lokayestha, pelo bem dos futuros seres viventes da era da decadência do Dharma, por favor, conte-nos como o Bodhisattva Ksitigarbha beneficiou homens e deuses, fazendo com que deuses, dragões e todos os demais da Óctupla Divisão, assim como também outros seres viventes do futuro recebam respeitosamente os ensinamentos de Buda”.



Neste momento, o Lokayestha disse ao Bodhisattva Universalmente Expansivo e à Quádrupla Assembléia:

Escutem atentamente, escutem atentamente! Vou descrever brevemente como as bênçãos e virtudes do Bodhisattva Ksitigarbha beneficiaram homens e deuses.



O Bodhisattva Universalmente Expansivo respondeu:

“Que assim seja Lokayestha, com alegria escutaremos”.



Buda disse ao Bodhisattva Universalmente Expansivo:

Se no futuro houver bons homens e boas mulheres que escutarem o nome do Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha, contemplando-o e adorando-o, eles resgatarão as ofensas de trinta kalpas. Universalmente Expansivo, se houver bons homens ou boas mulheres que pintem, desenhem, usarem argila, pedra, laca, ouro, prata, bronze ou ferro para fazer a imagem deste Bodhisattva contemplando-a e reverenciando-a apenas uma vez, renascerão cem vezes no Céu dos Trinta e Três e para sempre evitarão cair nos Caminhos Nefastos. Se seu mérito celestial se esgotar e eles renascerem no mundo humano, serão poderosos reis.



Se houver mulheres que detestam o corpo de mulher, e com todo fervor fizerem oferendas à imagem do Bodhisattva Ksitigarbha, seja esta imagem uma pintura ou feita de argila, pedra, laca, bronze, ferro ou algum outro material e se fizerem isto diariamente sem falta, usando flores, incenso, comida, bebida, roupas, sedas coloridas, flâmulas, dinheiro, jóias ou outros elementos como oferendas, quando o corpo de retribuição feminina dessas boas mulheres se extinguir, por centenas de milhares de kalpas nunca mais renascerão em mundos onde há mulheres, muito menos serão uma delas, a menos que seja por força de seus compassivos Votos de libertar os seres viventes. Pelo poder das virtudes meritórias resultantes destas oferendas feitas ao Bodhisattva Ksitigarbha, elas não receberão os corpos de mulheres por centenas de milhares de dezenas de kalpas.



Além disso, Universalmente Expansivo, se uma mulher a quem lhe desagrade sua feiura e propensão para enfermidades, contemplar e adorar a imagem do Bodhisattva Ksitigarbha com mente sincera, mesmo que seja por um curto período de tempo, por milhares de dezenas de milhares de kalpas ela sempre receberá um corpo com todas as boas qualidades. Se essa mulher não detesta o corpo de mulher, durante centenas de milhares de dezenas de milhares de milhões de vidas ela sempre será uma mulher real ou a concubina de um rei, a mulher de um ministro de família importante, ou a mulher de um homem de alta classe e será virtuosa e de perfeitas qualidades. Tais são as recompensas por contemplar, adorar e reverenciar o Bodhisattva Ksitigarbha.



Além disso, Universalmente Expansivo, se um bom homem ou uma boa mulher é capaz de tocar música, cantar ou recitar louvores e fazer oferendas de incenso e flores diante da imagem deste Bodhisattva e pode exortar outros a fazerem o mesmo, no presente assim como no futuro essa pessoa estará rodeada dia e noite por centenas de milhares de fantasmas e espíritos que poderão protegê-la de que más notícias cheguem a seus ouvidos e muito menos permitir que sofram acidentes.



Além disso, Bodhisattva Universalmente Expansivo, no futuro homens, espíritos ou fantasmas maus poderão ver bons homens e boas mulheres respeitosamente fazendo oferendas e louvando, admirando e adorando a imagem do Bodhisattva Ksitigarbha. Estes seres maus poderão equivocadamente dizer com perversidade e deboche que atos de adoração não significam nada e não trazem nenhum benefício. Poderão rir de maneira sinistra, poderão dizer insultos e incitar outros a fazerem o mesmo bastando que tenham um único pensamento ofensivo. Estes seres cairão e permanecerão nos Infernos Avici, suportando os maiores sofrimentos como retribuição por suas ofensas, mesmo após o Nirvana dos milhares de Budas da Era Auspiciosa. Após esse kalpa renascerão entre os espíritos famintos, e assim passarão milhares de eras antes de renascerem como animais. Após mil outras eras, poderão adquirir novamente um corpo humano, porém serão pobres e de baixo nível, com órgãos incompletos, e suas mentes serão prisioneiras de muitos atos perversos. Não muito depois cairão novamente nos Caminhos Nefastos. Bodhisattva Universalmente Expansivo, tais serão as retribuições que deverão suportar aqueles que ridicularizarem ou caluniarem as oferendas dos outros. Será pior ainda se, além disso, tiverem outras opiniões perversas e daninhas.



Além disso, Bodhisattva Universalmente Expansivo, no futuro homens e mulheres poderão se encontrar prostrados na cama devido a uma longa enfermidade e por mais que queiram recuperar-se poderão até morrer. Durante a noite poderão sonhar com espíritos malignos, de familiares ou parentes ou que simplesmente estejam perambulando pelos Caminhos Perigosos; em numerosos pesadelos poderão vagar com espíritos ou fantasmas. Enquanto estes sonhos continuarem, por um período de dias, meses ou anos, tais pessoas poderão debilitar-se e esgotar-se, gritar enquanto dormem profundamente, sentirem-se tristes e deprimidos dia após dia. Tudo isto se deve a um grau não resolvido de severidade em seus caminhos do mau karma, o que torna difícil para eles morrerem e difícil se curarem. Os olhos dos homens e mulheres comuns não podem perceber estas coisas.



Neste caso este Sutra deverá ser recitado uma vez em voz alta diante das imagens de Budas e Bodhisattvas e devem ser oferecidas coisas que pertencem ao enfermo e sejam-lhe muito caras, tais como roupas, jóias, jardins ou casas, dizendo diante do enfermo: “Eu, tal e tal, diante deste Sutra e desta imagem, faço a doação de todas estas coisas em nome da pessoa enferma”. Fazendo oferendas ao Sutra e à imagem, fazendo imagens de Budas e Bodhisattvas, construindo templos e mosteiros, acendendo lâmpadas de azeite ou fazendo doações aos monges.



A pessoa enferma deve ser avisada três vezes de que estas oferendas estão sendo feitas para que as escute e fique sabendo sobre elas. Se sua consciência encontra-se separada e dispersa e seu alento esgotado, então, por um dia, dois dias, três dias, quatro dias ou chegando até sete dias este Sutra deverá ser lido em voz alta e clara. Quando a vida desta pessoa tiver-se ido, ela obterá libertação eterna de todas as pesadas e desastrosas ofensas cometidas em sua vida, até mesmo as Cinco Ofensas que merecem retribuição ininterrupta. Sempre nascerá em lugares onde recordará suas vidas passadas; muito maiores serão as benéficas retribuições se um bom homem ou uma boa mulher escreverem este Sutra pessoalmente, ensinarem outros a fazê-lo, esculpirem ou pintarem imagens eles mesmos, ou ensinarem outros a fazê-lo.



Portanto, Bodhisattva Universalmente Expansivo, se você vir alguém lendo e recitando este Sutra, ou tendo um simples pensamento de louvor e respeito por ele, deve empregar centenas de milhares de recursos para exortá-lo a ser enérgico e não retirar-se. Tanto no presente quanto no futuro ele vai poder obter milhares de dezenas de milhares de milhões de incríveis virtudes meritórias.



Além disso, Bodhisattva Universalmente Expansivo, quando os seres viventes no futuro estiverem dormindo e sonhando, poderão ver fantasmas e espíritos que estejam tristes, lamentando-se, preocupados, com medo ou aterrorizados. Estes seriam todos os passados pais, mães, filhos, filhas, irmãos, irmãs, esposos, esposas, e parentes de uma vida, dez vidas, cem vidas ou milhares de vidas que não puderam ainda libertar-se dos Caminhos Nefastos. Eles não têm um lugar onde possam esperar pelo poder das bênçãos para resgatá-los e por isso imploram a seus descendentes encarnados para que providenciem recursos convenientes para que eles possam deixar os Caminhos Nefastos. Bodhisattva Universalmente Expansivo, usando seu poder espiritual, você deve fazer com que todos esses parentes recitem este Sutra com fé diante de imagens de Budas e Bodhisattvas, ou pedir que outros o recitem, tanto três como sete vezes. Quando o Sutra tiver sido recitado o número suficiente de vezes, os parentes nos Caminhos Nefastos obterão a libertação e nunca mais serão vistos por aqueles que dormem ou sonham.



Além disso, Bodhisattva Universalmente Expansivo, no futuro as pessoas de nível inferior, escravos, servos e outros que não sejam livres poderão tomar consciência de suas ações passadas, poderão arrepender-se delas e poderão expiar suas culpas. Deverão contemplar e venerar a imagem do Bodhisattva Ksitigarbha com um coração cheio de fé por sete dias e recitar seu nome dez mil vezes até o final de suas vidas. Tais pessoas renascerão como pessoas honoráveis e através de milhares de dezenas de centenas de vidas, não passarão por nenhum dos sofrimentos dos Três Caminhos Nefastos.



Além disso, Bodhisattva Universalmente Expansivo, se no futuro em Jambudvipa houver ksatriyas, velhos sábios, upasakas e vários outros nomes e clãs que tenham filhos ou filhas recém nascidos, eles deverão recitar este incrível Sutra e recitar também o nome do Bodhisattva dez mil vezes, nos sete dias que antecederem o nascimento da criança. Se este recém nascido estiver predestinado a uma vida desastrosa, livrar-se-á dela e ficará em paz, feliz, terá uma vida longa e sem dificuldades. Se for receber uma vida de bênçãos, sua paz e felicidade aumentarão ainda mais, assim como também sua vida.



Além disso, Bodhisattva Universalmente Expansivo, para os seres viventes de qualquer mundo do futuro, no primeiro, oitavo, décimo quarto, décimo quinto, décimo oitavo, vigésimo terceiro, vigésimo quarto, vigésimo oitavo, vigésimo nono e trigésimo dias do mês, as ofensas dos seres viventes serão reunidas e julgadas. Já que qualquer movimento ou pensamento impuro por parte dos seres viventes de Jambudvipa é ofensivo e cria karma, muito mais incorrerão em ofensas quando realmente se entregarem a matar, roubar, tiverem uma conduta sexual imprópria e disserem mentiras. Se eles forem capazes de recitar este Sutra diante de imagens de Budas, Bodhisattvas ou sábios uma vez nestes dias, não haverá desastres pelo lapso de cem yojanas até o norte, o sul, o leste e o oeste. Aqueles dentro de suas famílias, tanto jovens como velhos, agora e no futuro, estarão afastados dos Caminhos Nefastos por centenas de milhares de anos. Se eles puderem recitá-lo em cada um destes dez dias vegetarianos, não haverá acidentes ou enfermidades na família e haverá comida e roupa em abundância.



Portanto, Bodhisattva Universalmente Expansivo, você deve saber acerca das indescritíveis centenas de milhares de dezenas de milhares de milhões de grandes assombrosos episódios dos proveitosos poderes espirituais do Bodhisattva Ksitigarbha. Os seres viventes de Jambudvipa têm uma grande afinidade com este Magnífico Ser, e se eles escutarem seu nome, virem sua imagem ou ouvirem somente três ou cinco palavras, um verso ou oração deste Sutra, obterão uma paz particularmente maravilhosa e felicidade em sua vida presente. Através de centenas de milhares de dezenas de milhares de futuras vidas, sua aparência será sempre digna e renascerão dentro de honoráveis famílias.



Depois que o Bodhisattva Universalmente Expansivo escutou ao Buda, o Tathagata, louvar o Bodhisattva Ksitigarbha, ajoelhou-se com ambos os joelhos no chão, juntou as palmas e disse:

“Lokayestha, eu já sabia que há muito tempo este grande Senhor possui inconcebíveis poderes espirituais e grandiosos e colossais Votos. Minhas perguntas são formuladas com o fim de beneficiar os seres viventes do futuro; receberei a resposta com grande respeito. Como deveremos chamar este Sutra e como deveremos divulgá-lo?”



Buda disse ao Bodhisattva Universalmente Expansivo:

Este Sutra tem três nomes: o primeiro nome é “O Sutra dos Votos Fundamentais do Bodhisattva Ksitigarbha”; o outro nome é “O Sutra da Genuína Conduta do Bodhisattva Ksitigarbha” e o outro nome é “O Sutra dos Votos Fundamentais e o Poder do Bodhisattva Ksitigarbha”. Porque este Bodhisattva formulou Votos tão grandiosos durante tantos kalpas para o benefício e proveito dos seres viventes, então todos vocês deverão divulgar este Sutra de acordo com seus desejos.



Depois que o Bodhisattva Universalmente Expansivo escutou isto, juntou as palmas respeitosamente, prestou homenagem e retirou-se.

CAPÍTULO VII





BENEFÍCIOS PARA OS VIVOS E OS MORTOS







Neste momento o Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha disse ao Buda: Lokayestha, eu vejo que quase todas as ações e pensamentos dos seres viventes de Jambudvipa são ofensivos, e que esses seres viventes perdem os benefícios que obtiveram, muitos deles até mesmo voltando atrás em sua decisão inicial. Se encontram condições adversas, abrigam-nas em cada pensamento; isto é como um homem que carrega uma rocha pesada através da lama. A cada passo a rocha torna-se mais pesada e volumosa, e ele afunda cada vez mais. Se encontrar um guia poderoso poderá ser exortado e advertido a pôr seus pés novamente em terra firme; sua carga pode tornar-se mais leve ou talvez seja removida totalmente. Assim, se chegar a um terreno seguro permanecerá consciente dos caminhos do mal e nunca os atravessará novamente.



Lokayestha, os maus hábitos dos seres viventes vão desde o sutil até o imensamente grande. Já que todos os seres viventes têm maus hábitos, seus parentes ou familiares deverão fazer méritos em seu favor quando eles estiverem à beira da morte, para que os ajudem no caminho a seguir. Pode-se fazer isto pendurando bandeiras e estandartes, acendendo lâmpadas, recitando Sutras sagrados ou fazendo oferendas às imagens de Buda ou sábios. Também inclui a recitação dos nomes dos Budas, Bodhisattvas e Pratyekabuddhas, de tal maneira que a recitação de cada nome passe pelo ouvido do que agoniza e seja escutada em sua consciência.



As más ações perpetradas pelos seres viventes geram resultados semelhantes, porém se alguém deve cair nos Caminhos Nefastos, suas ofensas podem ser eliminadas se seus parentes cultivarem causas sagradas por ele. Durante um período de quarenta e nove dias após sua morte, eles deverão fazer muitas boas ações para permitir que o morto se liberte dos Caminhos Nefastos, renasça entre os seres humanos ou devas e receba uma maravilhosa e suprema bênção. Os benefícios que os parentes vivos acumularão também serão ilimitados.



Portanto eu agora, diante do Lokayestha assim como também diante de deuses, dragões e do resto da Óctupla Divisão, humanos e não humanos, faço Votos de exortar aos seres viventes de Jambudvipa a serem cuidadosos e evitarem provocar danos, sacrificar animais, criar condições maléficas ou invocar maus espíritos no dia da morte de alguém. Por que razão? Sacrificar seres viventes não é de nenhuma ajuda para o morto, pelo contrário, agrava mais ainda suas ofensas, fazendo com que se tornem mais profundas e pesadas. O morto poderia ter merecido receber uma boa retribuição e nascer entre homens e devas em sua próxima vida ou nas vidas futuras, mas devido às ofensas cometidas por sua família em seu nome, seu bom renascimento deverá demorar. Cada um deve padecer nos Caminhos Nefastos de acordo com suas próprias ações, especialmente aquele que está à beira da morte e que nunca teve uma boa causa; a situação dele será ainda mais intolerável se os parentes acrescentarem suas próprias ofensas. É como se um homem que tenha estado viajando de um lugar distante com uma carga pesada, de repente se veja privado de suas provisões durante três dias, e ainda por cima alguém lhe dá mais coisas para carregar. Sua carga se torna ainda mais pesada e irritante.



Lokayestha, enquanto contemplo os seres viventes de Jambudvipa, vejo que aqueles que são capazes de fazer um bem, mesmo que seja tão pequeno como um fio de cabelo, uma gota d’água, um grão de areia ou uma partícula de pó, obterão os benefícios por suas ações.



Depois que isto foi dito, um sábio chamado Grande Eloquência, que há muito tempo entendeu a natureza do Sunyata e que com frequência apareceu no corpo de um sábio para ensinar e conduzir as pessoas nas dez direções sobressaiu-se em meio à assembléia, juntou suas palmas respeitosamente e disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

“Grande Senhor, quando os parentes próximos e distantes de um falecido em Jambudvipa cultivam virtudes meritórias em seu nome, preparando comidas vegetarianas e fazendo outras boas ações, obtém o morto algum benefício?”



O Bodhisattva Ksitigarbha respondeu:

Sábio, baseado nos magníficos poderes espirituais de Buda, agora explicarei o seguinte assunto, de forma geral, para o bem dos seres viventes do presente e do futuro. Oh! Sábio, se os seres viventes do presente ou do futuro que estejam à beira da morte escutarem o nome de um Bodhisattva ou de um Buda obterão a libertação, tenham cometido ofensas ou não. Se um homem ou uma mulher que não tenham cultivado boas causas durante suas vidas e tenham cometido muitas ofensas, tiverem parentes próximos ou distantes que formulem ações cheias de bênçãos e várias ações sagradas por seu bem, após terem falecido receberão um sétimo dos benefícios, e as outras seis partes ficarão para os parentes que ajudaram. Assim sendo, todos os bons homens e boas mulheres do futuro que escutarem e praticarem isto obterão suas frações.



Quando o grande fantasma da impermanência chega, o espírito fica vagando nas trevas e na escuridão, não distinguindo entre as ofensas e o mérito. Por quarenta e nove dias ele se sente aturdido e surdo, diante de um tribunal onde são discutidas as retribuições kármicas. Uma vez fixada a sentença, o renascimento é produzido de acordo com as ações da pessoa. Antes que esse renascimento seja julgado, há milhares de dezenas de milhares de terríveis sofrimentos que devem ser suportados. Muito maior será este sofrimento no caso daqueles que devem cair nos Caminhos Nefastos.



Durante quarenta e nove dias, aquele cuja vida terminou e ainda não renasceu busca seus parentes encarnados para que façam méritos suficientemente poderosos para resgatá-lo. Ao final deste período de tempo, ele cai dentro de sua retribuição kármica. Se for um infrator, atravessará centenas de milhares de anos sem um dia de libertação; se suas ofensas forem as cinco da punição ininterrupta, cairá dentro dos grandes infernos, onde experimentará sofrimentos por dezenas de milhares de kalpas.



Além disso, sábio, quando alguém que tenha tido um mau karma morre, seus parentes podem preparar oferendas vegetarianas para ajudá-lo em seu caminho kármico. Ao fazer isto, eles não devem despejar água com restos de grão de arroz lavado ou jogar as folhas no chão enquanto preparam o alimento, ou antes, que haja sido comido; e toda comida que não tenha sido primeiro oferecido ao Buda e ao Sangha não deverá ser comida. Se houver descuido ou transgressão nesta questão, o falecido não receberá o poder desta oferenda. Se a pureza for vigorosamente mantida ao fazer a oferenda ao Buda e ao Sangha, o morto receberá uma sétima parte do mérito. Portanto, sábio, se os seres viventes de Jambudvipa fizerem oferendas vegetarianas após a morte de seus pais, mães e parentes, e fizerem sinceras súplicas em seu nome, eles beneficiarão os vivos e os mortos.



Depois disto, milhares de dezenas de milhares de milhões de nayutas de fantasmas e espíritos de Jambudvipa que estavam no Céu Trayastrimsa concentraram seus pensamentos na Iluminação Insuperável.



O sábio Grande Eloquência fez uma reverência e retirou-se.































































































CAPÍTULO VIII





OS LOUVORES DO REI YAMA E OUTROS







Neste momento, do interior da Montanha do Anel de Aço, veio Yama, Filho do Céu, e com ele um grande número de reis fantasmas; todos eles se apresentaram diante do Buda no Céu Trayastrimsa: o Rei Fantasma do Veneno Nefasto, o Rei Fantasma de Muitos Males, o Rei da Grande Discussão, o Rei Fantasma Tigre Branco, o Rei Fantasma Tigre Vermelho, o Rei Fantasma dos Desastres, o Rei Fantasma do Corpo Voador, o Rei Fantasma de Raios e Relâmpagos, o Rei Fantasma dos Dentes de Lobo, o Rei Fantasma dos Mil Olhos, o Rei Fantasma Comedor de Animais, o Rei Fantasma Portador de Pedras, o Rei Fantasma Senhor de Más Notícias, o Rei Fantasma Senhor das Calamidades, o Rei Fantasma Senhor das Comidas, o Rei Fantasma Senhor das Riquezas, o Rei Fantasma Senhor dos Animais Domésticos, o Rei Fantasma Senhor dos Pássaros, o Rei Fantasma Senhor dos Animais, o Rei Fantasma Senhor dos Espíritos da Montanha, o Rei Fantasma Senhor dos Nascimentos, o Rei Fantasma Senhor da Vida, o Rei Fantasma Senhor das Enfermidades, o Rei Fantasma Senhor do Perigo, o Rei Fantasma com Três Olhos, o Rei Fantasma com Quatro Olhos, o Rei Fantasma com Cinco Olhos, o Rei Tchi Li Sh, o Grande Rei Tchi Li Sh, o Rei Tchi Li Tsha, o Grande Rei Tchi Li Tsha, o Rei A Nuo Tja, o Grande Rei A Nuo Tja e outros similares grandes reis fantasmas. Também se encontravam centenas de milhares de reis fantasmas menores que residiam em Jambudvipa, cada um dos quais reinava sobre algo específico.



Ajudados pelo assombroso espírito de Buda e o poder do Bodhisattva Ksitigarbha, todos estes reis fantasmas, bem como Yama, o Filho do Céu, reuniram-se no Céu Trayastrimsa e acomodaram-se próximo a uma encosta. Então Yama, o Filho do Céu, juntou suas palmas e disse ao Buda:

“Lokayestha, graças ao assombroso espírito de Buda e aos poderes do Bodhisattva Ksitigarbha, todos estes reis fantasmas e eu pudemos vir a esta grandiosa assembléia no Céu Trayastrimsa. Eu agora tenho uma pequena dúvida que gostaria de expressar e espero que o Lokayestha seja compassivo e possa esclarecê-la”.



O Buda disse a Yama, o Filho do Céu:

Qualquer dúvida que você tiver, explicarei para você.



Neste momento Yama, o Filho do Céu, olhou respeitosamente o Lokayestha, fez uma reverência, voltou sua cabeça reconhecendo o Bodhisattva Ksitigarbha, e então disse ao Buda:

“Lokayestha, eu vejo que o Bodhisattva Ksitigarbha dentro dos seis caminhos do renascimento usa centenas de milhares de recursos convenientes para conduzir os seres viventes que sofrem por suas ofensas e faz isso sem nenhuma fadiga ou preocupação. Este grande Bodhisattva tem inumeráveis realizações espirituais que tornam possível aos seres viventes obter um alívio do castigo por suas ofensas; porém, sem que passe muito tempo, eles voltam a cair nos Caminhos Malignos. Lokayestha, uma vez que o Bodhisattva Ksitigarbha tem tantos grandes e inumeráveis poderes espirituais, por que os seres viventes não se apóiam nele, permanecendo no bom caminho e mantendo eternamente sua libertação? Por favor, Lokayestha, explique-me isto”.

O Buda disse a Yama, o Filho do Céu:

Os seres viventes de Jambudvipa são de uma natureza obstinada e teimosa, difíceis de domesticar, difíceis de dominar. Este grande Bodhisattva constantemente resgata esses seres viventes através de centenas de milhares de kalpas e consegue que logo obtenham a libertação. Resgata até mesmo os que caíram nos Caminhos Nefastos por suas ofensas, liberta-os de suas condições kármicas básicas e os orienta para compreender os feitos de suas vidas passadas.



Devido ao fato de que os seres viventes de Jambudvipa estão presos a pesados maus hábitos, que fazem com que girem ao redor dos caminhos, saindo e entrando muitas vezes, este Bodhisattva demora muitos kalpas para poder libertá-los completamente.



Eles são como um homem em estado de confusão que perde o caminho de sua casa e por engano entra num perigoso caminho no qual há muitos yakshas, tigres, lobos, leões, serpentes e víboras. Uma pessoa perdida assim pode morrer rapidamente neste caminho. Quando um sábio conselheiro que conhece muitos métodos, que é capaz de controlar todo o veneno destes yakshas, fantasmas malignos e outros, encontra-se com este homem perdido que está para entrar neste perigoso caminho, ele lhe diz: “Oh companheiro, por que você está tomando este caminho? Que métodos você conhece para enfrentar todo esse veneno?”



O viajante perdido que ouve estas palavras entende imediatamente que é um caminho perigoso e trata de sair dele. O bom e hábil conselheiro, então pega sua mão, conduzindo-o para fora deste perigoso caminho, de maneira que evite os venenos malignos. O conselheiro então diz: “Muito bem, viajante desorientado, não volte a entrar neste caminho novamente, aqueles que o fizerem terão dificuldades em sair e sua essência e sua vida serão destruídas”.



O viajante perdido agradece profusamente. Quando estão para separar-se o conselheiro lhe diz: “Se você encontrar pessoas que conhece, e também outros viajantes, homens ou mulheres, diga-lhes que há muitos venenos e maldades neste caminho que podem fazer com que eles percam sua essência e sua vida. Não permita que eles busquem suas próprias mortes. Da mesma maneira, o Bodhisattva Ksitigarbha, repleto de grande compaixão, resgata os seres viventes que sofrem por suas ofensas e faz com que nasçam entre homens ou deuses, de quem eles recebem maravilhosas bênçãos”.



Todos os infratores, conhecendo os sofrimentos do caminho do mau karma, obtêm a libertação e nunca voltam a percorrer esse caminho novamente. Eles são como uma pessoa perdida que por engano entra num caminho perigoso, mas que, tendo encontrado um bom conselheiro que o conduza para fora dele, nunca mais nele entrará. Se encontrar outras pessoas deve aconselhá-las a evitá-lo, dizendo: “Eu tinha me perdido neste caminho e fui salvo, nunca mais entrarei nele”. Mas se essa pessoa encontrar esse caminho perigoso outra vez e, ainda estiver desorientada, voltar a cometer o mesmo erro, ignorando que é o perigoso caminho que encontrou anteriormente, então provavelmente perderá a vida. O mesmo acontece se alguém cai nos Caminhos Nefastos e graças ao poderoso e conveniente recurso do Bodhisattva Ksitigarbha renasce entre homens ou deuses, mas logo cai nos Caminhos Nefastos novamente. Se os laços kármicos são fortes, a pessoa permanece nos infernos por um longo período sem libertação.



Neste momento, o Rei Fantasma do Veneno Nefasto juntou suas palmas respeitosamente e dirigiu-se ao Buda dizendo:

“Lokayestha, nós, os ilimitados Reis Fantasmas de Jambudvipa, somos seres tanto benéficos como daninhos. Cada um de nós é diferente; nossa realização kármica faz com que nós e nossos seguidores vaguemos pelo mundo causando muito mal e pouco bem. Quando nós passamos por uma casa ou cidade, um povoado, uma vila, uma aldeia, um jardim, uma casa de campo, ou um barraco onde se encontre um homem ou uma mulher que tenham cultivado uma pequena quantidade de boas ações, que tenham pendurado um pequeno estandarte, que tenham usado um pouco de incenso ou umas poucas flores como oferenda para imagens de Budas ou Bodhisattvas, ou que tenham lido e recitado os Sutras, queimado incenso como oferenda para somente uma oração ou gatha deles; todos nós, Reis Fantasmas, vamos respeitar e reverenciar essa pessoa como se fôssemos os Budas do passado, do presente e do futuro. Ordenaremos a todos os fantasmas menores, cada um dos quais tem um grande poder, assim como também aos espíritos da terra, que rodeiem e protejam essa pessoa. Coisas negativas, acidentes, sérias e inesperadas enfermidades e outros fenômenos, nós não permitiremos que sejam atraídos para perto de sua casa, muito menos que entrem pela porta”.



O Buda disse aos Reis Fantasmas:

Isto é excelente, excelente! Que todos vocês, Reis Fantasmas e Yama, sejam capazes de proteger os bons homens e boas mulheres desta forma. Eu direi a Brahma e Shakra que façam com que vocês fiquem protegidos também.



Quando isto foi dito, um rei fantasma da assembléia, chamado o Senhor da Vida, disse ao Buda:

“Lokayestha, meus méritos são tais que, eu sou o Senhor da Vida dos homens de Jambudvipa e controlo a hora do nascimento e da morte. Meus votos fundamentais são baseados num grande desejo de beneficiar as pessoas, mas os seres viventes não compreendem minha intenção e atravessam o nascimento e a morte de uma maneira pouco tranquila. Por que razão?



Quando os seres de Jambudvipa fizerem nascer filhos, sejam homens ou mulheres, ou quando estejam na hora de morrer devem fazer boas ações para aumentar os benefícios da casa e assim fazer com que os espíritos locais da terra fiquem imensamente satisfeitos. Estes espíritos beneficiarão então a família inteira e protegerão a mãe e a criança para que obtenham grande paz e felicidade. Após o nascimento, todo sacrifício de animais e todo dano cometido com o propósito de oferecer comidas frescas à mãe devem ser evitados cuidadosamente, assim como convocar reuniões familiares para tomar licores, comer carnes, cantar, tocar música e tocar instrumentos, já que todas estas coisas podem impedir que a mãe e o filho tenham paz e felicidade. Por que razão? No difícil momento do nascimento há inúmeros fantasmas tais como Wang Liang e Ching Mei, que podem ser atraídos pelo forte cheiro de sangue. Eu faço rapidamente com que os espíritos da terra nessa casa protejam a mãe e o filho, permitindo-lhes que fiquem felizes e tranqüilos e que obtenham benefícios. Quando as pessoas nessas casas vêem essa alegria, querem plantar méritos a favor dos espíritos da terra. Mas, se em vez de fazer isto elas discutem, matarem animais e reunirem-se com seus parentes para tocar música e festejar, sofrerão uma punição por esta violação, que poderá prejudicar a ambos, mãe e filho.



Além disso, quando os humanos de Jambudvipa estão à beira da morte, Eu desejo evitar que caiam nos Caminhos Nefastos, não importando se fizeram o bem ou o mal. Além disso, meu poder para conseguir isto aumenta enormemente se eles cultivaram boas raízes. Quando um praticante do bem em Jambudvipa está a ponto de morrer, há centenas de milhares de espíritos dos Caminhos Nefastos que se transformam e aparecem como os pais, familiares e amigos daquele que agoniza, com a intenção de fazê-lo cair nos Caminhos Nefastos. Quando alguém que fez o mal está a ponto de morrer, o perigo é muito maior!



Então, Lokayestha, quando um homem ou uma mulher em Jambudvipa está à beira da morte e sua consciência e espírito estão confusos, quando não pode distinguir entre o bem e o mal e seus olhos e ouvidos não podem nem ver nem escutar, seus familiares devem com certeza fazer grandes oferendas, recitar os sagrados Sutras e recitar os nomes dos Budas e Bodhisattvas. Tais condições favoráveis podem fazer com que a pessoa falecida deixe os Caminhos Nefastos, e os demônios, fantasmas e espíritos retrocedam e se dispersem.



Lokayestha, se no momento de sua morte qualquer ser vivente escutar o nome de algum Buda ou Bodhisattva, se escutar uma oração ou gatha de um Sutra Mahayana, eu vejo que este ser vivente pode ser libertado rapidamente de suas pequenas más ações que se somam para empurrá-lo para dentro dos Caminhos Nefastos, e também pode ser mantido fora da retribuição ininterrupta das Cinco Ofensas”.



O Buda disse ao Rei Fantasma Senhor da Vida:

Devido à sua grande compaixão, você é capaz de fazer esses grandes Votos e de proteger todos os seres viventes tanto na vida como na morte. No futuro, quando homens e mulheres chegarem ao momento da morte, não renegue seus Votos; faça com que obtenham a libertação e fiquem em paz eternamente.



O Rei Fantasma disse ao Buda:

“Por favor, não se preocupe, até o fim desta vida vou proteger constantemente os seres viventes de Jambudvipa, no momento do nascimento e no momento da morte, para que assim eles obtenham tranquilidade. Somente desejo que no momento do nascimento e da morte, possam crer nas coisas que eu disse, e assim alcançar a libertação.”



Neste momento o Buda disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

Este grande rei fantasma, O Senhor da Vida, já atravessou centenas de milhares de vidas como um grande rei fantasma, protegendo os seres viventes na vida e na morte. Somente pelos grandes e compassivos Votos deste senhor, se manifesta a si mesmo com o corpo de um rei fantasma, embora na verdade agora não seja mais um fantasma. Quando se tiverem passado cento e setenta kalpas, num kalpa chamado Tranquilidade, ele atingirá seu estado de Buda. Seu kalpa será então chamado de Felicidade, seu mundo será chamado Residência Pura. Seu nome será Tataghata Sem Forma, e seu tempo de vida será de incalculáveis kalpas. Ksitigarbha, as obras deste grande rei fantasma são incríveis e os homens e deuses que ele conduz, ilimitados.























CAPÍTULO IX





LOUVANDO OS NOMES DOS BUDAS







Neste momento, o Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha disse ao Buda: Lokayestha, eu agora farei um ato de grande benefício e proveito para os seres viventes do futuro, desta maneira, eles poderão obter grandes vantagens, tanto na vida como no momento da morte. Por favor, Lokayestha, escute minhas palavras.



O Buda disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

Com sua grande compaixão agora você quer empreender a inconcebível tarefa de resgatar a todos aqueles que se encontram nos Seis Caminhos, sofrendo como resultado de suas ofensas. O momento é adequado, já que estou para entrar no Nirvana. Você deve completar este Voto rapidamente, assim não terei que preocupar-me com os seres viventes do presente e do futuro.



O Bodhisattva Ksitigarbha disse ao Buda:

Lokayestha, no passado, incontáveis asamkhyeya kalpas atrás, um Buda chamado Tathagata de Corpo Ilimitado apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher ouvir o nome deste Buda e tiver um sentimento de respeito, esta pessoa deixará para trás as pesadas ofensas de quarenta kalpas de nascimentos e mortes. Fará isto ainda mais facilmente se esculpir ou pintar a imagem deste Buda, ou se louvar e fizer oferendas a seu favor. Os méritos serão ilimitados e infinitos.



Também, no passado, há muitos kalpas atrás quanto há grãos de areia no rio Ganges, um Buda chamado Tathagata da Natureza Enfeitada apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda, e rapidamente decidir-se tomar refúgio, será eternamente impossível distanciar esta pessoa do insuperável caminho.



Também, no passado, um Buda chamado Tathagata Flor de Lotus da Vitória apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda, ou se simplesmente seu nome passar por seu ouvido, esta pessoa obterá mil nascimentos nos Seis Céus dos Desejos. E esta pessoa obterá ainda mais benefícios se recitar de maneira sincera o nome deste Tathagata.



Também, no passado, há indescritíveis asamkhyeya kalpas atrás, um Buda chamado Tathagata Rugido de Leão apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda e com um só pensamento tomar refúgio, esta pessoa se encontrará com inumeráveis Budas, que lhe darão muitas bênçãos e lhe concederão predições de iluminação.



Também, no passado, um Buda chamado Krakhushandha apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda e o contemplar, adorar ou louvar, esta pessoa será o Grande Rei Brahma nas assembléias dos mil Budas da Era Auspiciosa, onde receberá uma nobre predição.



Também, no passado, um Buda chamado Vipasin apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda, esta pessoa evitará eternamente cair nos Caminhos Nefastos, renascerá sempre entre homens e deuses e receberá supremas e maravilhosas bênçãos.



Também, no passado, há tantas eras atrás quanto há grãos de areia nos numerosos, ilimitados e infinitos rios Ganges, um Buda chamado Tathagata da Vitória Enfeitada com Jóias apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda, esta pessoa não voltará a cair nos Caminhos Nefastos e estará eternamente nos céus, onde receberá maravilhosas e supremas bênçãos.



Também, no passado, um Buda chamado Tathagata de Aparência Enfeitada com Jóias apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda e guardar um pensamento de respeito, essa pessoa obterá muito mais rapidamente os frutos de ser um Arhat.



Também, há ilimitados asamkhyeya kalpas atrás, um Buda chamado Tathagata Estandarte Kasava apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda, esta pessoa derrotará as ofensas do nascimento e da morte por cem kalpas.



Também, no passado, um Buda chamado Tathagata Rei do Poder Espiritual Grande Como Uma Montanha apareceu no mundo. Se um homem ou uma mulher escutar o nome deste Buda, esta pessoa encontrará tantos Budas como há grãos de areia no rio Ganges, que lhe pregarão o Dharma, e certamente realizará a Bodhi (Iluminação).



Também, no passado, existiam Budas chamados Buda da Lua Pura, Buda Rei da Montanha, Buda da Sábia Vitória, Buda Rei do Nome Puro, Buda da Consumada Sabedoria, Buda Insuperável, Buda do Som Maravilhoso, Buda da Lua Cheia, Buda Rosto de Lua e muitos outros indescritíveis Budas. Lokayestha, os seres viventes do presente e do futuro, tanto deuses como humanos, homens ou mulheres, obterão ilimitadas e meritórias virtudes apenas recitando o nome de um destes Budas; mais ainda se recitarem vários nomes.



Tanto no nascimento como na morte, todos estes seres viventes obterão grandes benefícios, e principalmente não cairão nos Caminhos Nefastos.



Se apenas um dos membros da família de uma pessoa que está morrendo, recitar em voz alta o nome de um Buda pelo bem da pessoa agonizante, esta pessoa será rapidamente libertada de todas as ofensas kármicas, exceto do castigo ininterrupto das Cinco Ofensas. As Cinco Ofensas são tão extremamente pesadas que quem as comete não escapará da retribuição por um número infinito de kalpas. Porém, no momento da morte daquele que ofende, se outra pessoa recitar os nomes dos Budas por ele, suas ofensas podem gradualmente desvanecer-se. O efeito será muito mais intenso para os seres viventes que recitarem estes nomes eles mesmos. O mérito assim obtido é ilimitado e erradica inumeráveis ofensas.















CAPÍTULO X





AS CONDIÇÕES E OS MÉRITOS RELATIVOS AO DAR





Neste momento, o Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha, inspirado pelo assombroso espírito do Buda, levantou-se de seu assento, ajoelhou-se, juntou suas palmas e disse ao Buda:

Lokayestha, quando comparo os variados atos do dar realizados pelos seres que estão nos caminhos do karma, vejo alguns que são grandes e outros que são pequenos. Como resultados, alguns recebem bênçãos por uma vida, alguns por dez vidas, e outros recebem grandes bênçãos e benefícios por cem ou mil vidas. Por favor, Lokayestha, explique-me.



Neste momento, Buda disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

Pelo bem de todos aqui reunidos no Palácio do Céu Trayastrimsa, dissertarei sobre as virtudes relativas ao mérito do dar, dos seres viventes de Jambudvipa. Escutem atentamente o que digo.



O Bodhisattva Ksitigarbha respondeu ao Buda:

Tenho dúvidas sobre este assunto e terei prazer em escutar.



O Buda disse ao Bodhisattva Ksitigarbha:

Em Jambudvipa, os reis, os nobres, grandes ministros, grandes sábios, grandes kshatriyas, grandes brâmanes e outros, podem encontrar-se com os pobres, os aleijados, os corcundas, retardados, mudos, surdos, cegos, cansados, e com todas as classes de desvalidos. Pode ser que estes reis e grandes homens desejam dar e sejam capazes de fazê-lo com grande compaixão, com um coração humilde e um sorriso. É possível que eles dêem pessoalmente com suas próprias mãos ou levem outros a fazê-lo, usando palavras gentis e um discurso compassivo. Tais reis, ministros e outros obterão bênçãos comparáveis à virtude meritória de dar a tantos Budas como grãos de areia há em cem rios Ganges. Por que razão? Essas pessoas receberão tal recompensa meritória por haverem mostrado um grande coração compassivo para com os indivíduos mais pobres, mais necessitados e mais incapacitados. Por cem mil vidas eles sempre terão as Sete Jóias em abundância, sem mencionar roupa, comida e as necessidades da vida.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro os reis, brâmanes e seus pares encontrarem pagodes, monumentos a Buda (stupas), mosteiros ou imagens de Budas, Bodhisattvas, Shravakas ou Pratyekabuddhas, e pessoalmente lhes fizerem oferendas, estas pessoas obterão durante três kalpas a figura de Shakra, o Rei dos Deuses, e receberão supremas e maravilhosas bênçãos. Se forem capazes de transferir o mérito dessas doações ao Reino do Dharma estes grandes reis e outros homens serão Grandes Reis Celestiais de Brahma por dez kalpas.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro reis, brâmanes e outros encontrarem antigos monumentos, templos, Sutras ou imagens de Budas arruinados, quebrados, destroçados e desabando, podem resolver restaurá-los. Podem fazê-lo por seus próprios meios ou estimular tantos quanto centenas de milhares de pessoas a ajudar e assim estabelecer afinidades. Estes reis e seus pares serão Reis de Girar a Roda do Dharma através de centenas de milhares de vidas e todos aqueles que os ajudarem serão reis de países menores através de centenas de milhares de vidas. Se, diante de monumento a Buda (stupa) ou mosteiro, forem capazes de transferir este mérito ao Reino de Dharma, estes reis e seus ajudantes finalmente completarão o caminho de Buda e sua boa retribuição será infinita.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro os reis, brâmanes e outros, tiverem pensamentos compassivos quando virem um ancião, um enfermo, ou uma mulher na hora do parto, e derem-lhes unguentos, remédios, comida, bebida e roupa de cama, para fazer com que eles fiquem confortáveis e em paz, então o mérito de dar será quase inconcebível. Por mil kalpas tais reis serão Senhores da Morada Pura Celestial, por duzentos kalpas serão Senhores dos Céus dos Seis Desejos, e por último atingirão a Budeidade. Não cairão nos Caminhos Nefastos e por cem mil vidas não escutarão os sons do sofrimento.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro houver bons homens ou mulheres que plantarem umas poucas boas raízes no Budadharma (Doutrina de Buda), mesmo que sejam tão finas como um fio de cabelo, um grão de areia ou uma partícula de pó, receberão incomparáveis bênçãos.



Além disso, Ksitigarbha, se bons homens e boas mulheres no futuro encontrarem a imagem de um Buda, Bodhisattva, Pratyekabuddha ou de um Rei Capaz de Fazer Girar a Roda do Dharma, e puderem dar-lhes presentes ou fazer-lhes oferendas, estas pessoas receberão ilimitadas bênçãos e sempre receberão suprema e maravilhosa felicidade entre homens e deuses. Se eles puderem dedicar o mérito ao Reino do Dharma, suas bênçãos e benefícios serão incomparáveis.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro houver bons homens ou boas mulheres que encontrarem um Sutra Mahayana, e escutando apenas um gatha ou oração resolverem energicamente ser benevolentes e rezarem intensamente e fizerem oferendas, esta gente obterá uma grande recompensa, ilimitada e infinita. Se transferirem este mérito ao Reino do Dharma, estas bênçãos serão incomparáveis.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro bons homens ou boas mulheres encontrarem pagodes, templos ou Sutras do Mahayana e lhe fizerem oferendas, adorando-os em sinal de culto, rezando para eles respeitosamente com as palmas juntas; ou se encontrarem antigos templos, monumentos ou Sutras que estiverem arruinados e os consertarem eles mesmos, ou pedirem a outros que os ajudem, através de trinta vidas estas pessoas serão reis de pequenos países. Aqueles que atuarem como líderes nestes assuntos serão sempre Reis Capazes de Fazer Girar a Roda do Dharma, que ensinarão aos reis menores por meio do bom Dharma.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro bons homens ou boas mulheres puderem plantar boas raízes no Budadharma através do dar, ou fazer oferendas, consertar templos ou mosteiros, encadernar Sutras ou fazer boas ações tão pequenas como um fio de cabelo, uma partícula de pó, um grão de areia ou uma gota d’água, simplesmente transferindo o mérito desta ação ao Reino do Dharma, as virtudes desta gente meritória serão tais que receberão maravilhosa e suprema felicidade por cem mil vidas. Se transferirem o mérito somente à sua própria família ou parentes, ou para seu próprio benefício pessoal, receberão três vidas de felicidade, deixando de lado deste modo a recompensa dez mil vezes maior. Ksitigarbha, tais são as condições do dar.







CAPÍTULO XI





A PROTEÇÃO DO DHARMA PELO ESPÍRITO DA TERRA







Neste momento, o Espírito da Terra chamado Firme e Sólido falou ao Buda dizendo:

“Lokayestha, há muito tempo contemplo e rendo homenagem pessoalmente a ilimitados Bodhisattvas Mahasattvas, os quais contam com grandes e inconcebíveis realizações espirituais e sabedoria, e conduziram muitos seres viventes. O Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha é o que, acima de todos os Bodhisattvas, tem os Votos mais profundos e de maior peso.



Lokayestha, o Bodhisattva Ksitigarbha tem grande afinidade com os seres de Jambudvipa. Manjusri, Samantabhadra, Avalokitesvara e Maitreya, também transformam centenas de milhares de corpos para conduzir aqueles que se encontram nos Seis Caminhos, mas seus Votos são limitados. O Bodhisattva Ksitigarbha fez estes Votos para ensinar aos seres viventes nos Seis Caminhos, através de tantos kalpas como o número de grãos de areia em centenas de milhares de milhões de rios Ganges.



Lokayestha, quando observo os seres viventes do presente e do futuro, vejo aqueles que constroem santuários de barro, pedra, bambu ou madeira e os colocam em lugares puros na parte sul de suas casas. Colocam dentro dos santuários uma imagem de Bodhisattva Ksitigarbha, tanto esculpida como pintada, ou feita de ouro, prata, cobre ou ferro. Depois queimam incenso e fazem oferendas, rendem cultos e rezam. Fazendo isto, eles receberão dez tipos de vantagens e benefícios.



Quais são estas dez vantagens e benefícios? Suas terras serão férteis; suas famílias e lares estarão em paz; seus ancestrais renascerão nos céus; eles terão benefícios e longevidade em sua vida presente; o que eles desejarem será como quiserem; escaparão dos desastres causados pela água e pelo fogo; escaparão de outras calamidades; seus pesadelos terminarão; estarão protegidos pelos espíritos em todas suas idas e vindas, e encontrarão muitas causas de sabedoria.



Lokayestha, os seres viventes do presente e do futuro obterão estas vantagens e benefícios se puderem construir um lugar de culto e fazer oferendas em seus lares”.



Firme e Sólido continuou dizendo ao Buda:

“Lokayestha, se bons homens e boas mulheres no futuro guardarem este Sutra e uma imagem do Bodhisattva em seus lares, e se para complementar o recitarem e fizerem oferenda ao Bodhisattva, eu dia e noite usarei meus poderes espirituais para rodeá-los e protegê-los, e assim toda ameaça de inundações, fogo, roubo e assalto, grandes calamidades e pequenos acidentes será eliminada”.



O Buda disse ao Espírito da Terra Firme e Sólido:

Existem poucos espíritos que podem igualar os grandes poderes espirituais que você possui. Por que razão? Todas as terras em Jambudvipa recebem sua proteção; todos os pastos, árvores, areias, pedras, campos de arroz, cânhamo, bambu, grãos, arroz, minérios, surgem do solo graças a seu poder.



Além disso, seus constantes louvores pelas ações benéficas do Bodhisattva Ksitigarbha fazem com que suas virtudes meritórias e realizações espirituais sejam centenas de milhares de vezes maiores do que aquelas dos espíritos comuns da Terra.





Se no futuro bons homens e boas mulheres fizerem oferendas a este Bodhisattva, recitarem ou praticarem este Sutra dos Votos Originais do Bodhisattva Ksitigarbha, você então deverá usar seus poderes espirituais para protegê-los e não permitir nem sequer que escutem sobre desastres e assuntos desagradáveis, muito menos permitir que sucedam a elas. Estas pessoas estarão protegidas não somente por você, mas por Brahma, Shakra e seus seguidores, como também pelos seguidores de todos os outros deuses, que também os protegerão. Por que obterão eles a proteção de seres poderosos e sábios como estes? Obterão uma proteção grande assim por haverem louvado e rendido culto à imagem do Bodhisattva Ksitigarbha e por haverem recitado este Sutra dos Votos Originais. Naturalmente sairão do mar dos sofrimentos e terão garantida a bênção do Nirvana; por causa disso, obterão grande apoio e admiração.







































































CAPÍTULO XII



OS BENEFÍCIOS DE VER E ESCUTAR





Neste momento, o Lokayestha emitiu centenas de milhares de dezenas de milhares de milhões de raios de luz da parte mais alta de sua cabeça, tais como: o Raio Branco, o Raio do Presságio Auspicioso, o Grande Raio do Presságio Auspicioso, o Raio de Jade, o Grande Raio de Jade, o Raio Púrpura, o Grande Raio Púrpura, o Raio Azul, o Grande Raio Azul, o Raio Azulado, o Grande Raio Azulado, o Raio Vermelho, o Grande Raio Vermelho, o Raio Verde, o Grande Raio Verde, o Raio Dourado, o Grande Raio Dourado, a Nuvem da Boa Sorte, a Grande Nuvem da Boa Sorte, o Raio das Mil Rodas, o Grande Raio das Mil Rodas, o Raio de Jóias, o Grande Raio de Jóias, o Raio Disco Solar, o Grande Raio Disco Solar, o Raio Disco Lunar, o Grande Raio Disco Lunar, o Raio do Palácio, o Grande Raio do Palácio, o Raio da Nuvem Oceânica, o Grande Raio da Nuvem Oceânica.



Depois de emitir tais raios de luz da parte mais alta de sua cabeça, o Buda falou com maravilhosos e sutis sons à grande assembléia de deuses, dragões e outros membros da Óctupla Divisão de fantasmas e espíritos, a humanos, a não humanos e outros:

Escutem-me agora, no palácio do Céu Tryastrimsa, como louvo as inconcebíveis e benéficas ações do Bodhisattva Ksitigarbha entre homens e deuses, seu rápido progresso nas causas da sabedoria, sua realização na Décima Etapa, e sua fundamental irrevogabilidade na Anuttarasamyaksambodhi.



Depois que isto foi dito, no meio da assembléia o Bodhisattva Mahasattva chamado Avalokitesvara (Contemplador dos Sons do Mundo), levantou-se de seu assento, ajoelhou-se, juntou as palmas e disse ao Buda:

“Lokayestha, o Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha está cheio de grande compaixão e lamenta-se pelos seres viventes que sofrem pelas ofensas que praticam. Em milhares de dezenas de milhões de mundos manifesta milhares de dezenas de milhares de transformações corporais. Suas virtudes meritórias e seus assombrosos poderes espirituais são inconcebíveis.



Ouvi o Lokayestha e os ilimitados Budas das dez direções louvarem o Bodhisattva Ksitigarbha de muitas maneiras, mas todos com um significado comum, dizendo que embora todos os Budas do passado, do presente e do futuro falassem de suas qualidades meritórias, essas qualidades não poderiam ser totalmente compreendidas. Ouvi o Lokayestha falar à grande assembléia acerca dos benefícios do Bodhisattva Ksitigarbha. Lokayestha, pelo bem dos seres viventes do presente e do futuro, por favor, explique-nos o que é inconcebível sobre o Bodhisattva Ksitigarbha. Faça com que deuses, dragões e os outros que compõem a Óctupla Divisão contemplem rendendo culto e obtenham bênçãos”.



Buda disse ao Bodhisattva Avalokitesvara:

Você tem grande afinidade com o Mundo Saha. Se deuses, dragões, homens, mulheres, espíritos, fantasmas ou qualquer outro ser que sofre por suas ofensas dentro dos Seis Caminhos ouvem seu nome, vêem sua imagem, contemplam-no, louvam-no, se voltarão irreversivelmente em direção ao Insuperável Caminho. Renasçam então entre homens ou deuses e recebam uma maravilhosa felicidade.





Quando suas condições tiverem amadurecido, encontrarão muitos Budas e ser-lhe-ão dadas predições sobre sua iluminação. Agora você sente uma grande compaixão e pena pelos seres viventes, pelos deuses, dragões e outros da Óctupla Divisão. Escute enquanto proclamo os inconcebíveis benefícios do Bodhisattva Ksitigarbha. Tratarei deste tema para você.



Bodhisattva Avalokitesvara disse:

“Que assim seja, Lokayestha, terei prazer em escutar”.



Buda disse ao Bodhisattva Avalokitesvara:

Se nos mundos do presente e do futuro, houverem deuses cujos méritos celestiais tiverem terminados, que manifestam os Cinco Signos de Decadência, e por esta razão estejam para cair nos Caminhos Nefastos; quando esses sinais aparecerem, se aqueles deuses, homens ou mulheres virem a imagem do Bodhisattva Ksitigarbha, ouvirem o nome do Bodhisattva Ksitigarbha, contemplarem-no respeitosamente e fizerem uma reverência, esses deuses aumentarão suas benções celestiais, receberão grande felicidade, e nunca mais voltarão a cair nas punições dos Três Caminhos Nefastos. Muito maiores ainda serão os ilimitados e incontáveis méritos, virtudes e bênçãos que se acumularão para aqueles que virem ou escutarem este Bodhisattva, e usarem incenso, flores, roupas, comidas, bebidas, jóias e pedras preciosas como oferendas.



Além disso, Bodhisattva Avalokitesvara, se os seres viventes nos Seis Caminhos, tanto no presente como no futuro, se encontrarem à beira da morte e escutarem o nome do Bodhisattva Ksitigarbha, a simples passagem deste som por seu ouvido tirar-lhes-á eternamente dos sofrimentos dos Três Caminhos Nefastos. Muito mais será isto verdade se os pais e parentes venderem a casa do homem que está morrendo, e usarem sua riqueza, jóias e roupas para encomendar a pintura ou escultura da imagem do Bodhisattva Ksitigarbha. Se esta pessoa enferma ainda não morreu e vê ou escuta que em seu nome os parentes usaram sua riqueza, sua casa, jóias e tudo mais para a pintura ou escultura da imagem do Bodhisattva Ksitigarbha; graças a este mérito, será curada rapidamente e sua vida prolongada, ainda que sua retribuição kármica seja tal que tenha que passar por essa grave enfermidade. Mesmo que a retribuição desta pessoa seja tão grave que, devido aos obstáculos criados por suas ofensas e obstruções kármicas, deva cair nos Caminhos Nefastos após a morte, se ela receber tais méritos, renascerá entre homens e deuses e receberá uma maravilhosa felicidade. Todos os obstáculos devido às ofensas serão erradicados.



Além disso, Bodhisattva Avalokitesvara, se no futuro houver um homem ou uma mulher que quando criança perca o pai, a mãe, os irmãos ou as irmãs tendo menos de dez anos, já na idade adulta, esta pessoa poderá pensar em seus pais ou parentes, mas não saberá em que caminho, mundo ou céu terão renascido. Se esta pessoa for capaz de esculpir ou pintar uma imagem do Bodhisattva Ksitigarbha, escutar seu nome, contemplá-lo e render-lhe culto, e se de um dia até sete dias puder continuar fazendo isto, constantemente escutando seu nome, vendo sua imagem, contemplando-o, rendendo-lhe culto, e fazendo-lhe oferendas sem desvincular-se de sua resolução inicial, então, os parentes dessa pessoa, ainda que seus karmas possam ser tais que cause a queda nos Caminhos Nefastos, rapidamente renascerão nos céus, onde receberão suprema e maravilhosa felicidade. Este é o resultado de receber as meritórias virtudes estabelecidas por aquele filho, filha, irmão ou irmã que tenha esculpido ou pintado uma imagem do Bodhisattva Ksitigarbha e o tenha reverenciado, rendendo-lhe culto.



Se os parentes dessa pessoa renasceram no céu por sua própria força e méritos, e estão experimentando suprema e maravilhosa felicidade, graças a este mérito adicional que receberam, sua sabedoria aumentará e sua felicidade será ilimitada.



Se esta pessoa for capaz de contemplar e render culto à imagem do Bodhisattva Ksitigarbha, concentrando-se somente nisto por um período de três semanas, repetindo seu nome dez mil vezes, o Bodhisattva, pode manifestar um corpo ilimitado e dizer a esta pessoa o nome do mundo no qual seus parentes renasceram. O Bodhisattva pode manifestar um grande poder espiritual, e pode conduzi-la pessoalmente até esses mundos, em um sonho, para ver seus parentes.



Mais ainda, se alguém for capaz de recitar o nome do Bodhisattva, mil vezes por dia durante mil dias, o Bodhisattva ordenará aos fantasmas e espíritos da terra onde essa pessoa reside que a rodeiem e protejam a vida inteira. Neste mundo, suas roupas e comidas serão abundantes e ela não terá sofrimentos por enfermidades e outras aflições semelhantes. Não acontecerão acidentes em sua casa, muito menos que afetem sua pessoa. Finalmente, o Bodhisattva a abençoará e lhe outorgará uma predição de iluminação.



Além disso, Bodhisattva Avalokitesvara, se no futuro um bom homem ou uma boa mulher, desejar praticar um ato de compaixão para resgatar todos os seres viventes e desejar praticar a inigualável Bodhi e assim abandonar o Tríplice Mundo, se essa pessoa vir uma imagem do Bodhisattva Ksitigarbha, escutar seu nome e confiar nele sinceramente, usando incenso, flores, roupas, jóias, comida e bebida para fazer oferendas, contemplando-o e rendendo-lhe culto, para este homem ou mulher seus desejos serão imediatamente realizados e seus obstáculos serão superados para sempre.



Além disso, Bodhisattva Avalokitesvara, se no futuro bons homens ou boas mulheres desejarem satisfazer centenas de milhares de dezenas de milhares de milhões de desejos e obter êxito em seus empreendimentos, tanto no presente como no futuro, deverão tomar refúgio, contemplar e render culto, fazer oferendas e louvar diante da imagem do Bodhisattva Ksitigarbha. Seus desejos e metas serão seguramente realizados. Eles deverão pedir ao Bodhisattva Ksitigarbha, o Compassivo, que eternamente os proteja. Em um sonho o Bodhisattva os abencoará e outorgará predições de iluminação.



Além disso, Bodhisattva Avalokitesvara, se no futuro bons homens e boas mulheres tiverem grande apreço pelos Sutras do Grande Veículo e com toda determinação, desejarem lê-los ou recitá-los de memória, notarão que, apesar de encontrarem um Mestre brilhante que os instrua até que esses textos sejam bem conhecidos, por vezes os compreenderão e por vezes os esquecerão, passando assim meses ou anos sem conseguir recitá-los ou lê-los. Eles terão esta dificuldade pelas obstruções kármicas de suas vidas anteriores, que ainda não terão conseguido erradicar e que farão com que eles não tenham capacidade de ler nem estudar os Sutras do Grande Veículo.



Essas pessoas deverão invocar o nome do Bodhisattva Ksitigarbha, contemplar a imagem do Bodhisattva Ksitigarbha e com profundo respeito expor-lhe sua situação. Então logo deverão pegar incenso, flores, roupa, comida e bebida e fazer oferendas ao Bodhisattva. Deverão colocar um recipiente de água pura diante da imagem do Bodhisattva por um dia e uma noite. Depois, de mãos postas, farão seus pedidos e então beberão a água enquanto olham na direção Sul. Na hora em que a água esteja para entrar em suas bocas, devem ter muita fé e seriedade. Após beber a água deverão abster-se das cinco ervas picantes, de carne, de beber vinho e outras bebidas alcoólicas, de toda atividade sexual, de matar ou provocar qualquer dano durante uma a três semanas. Estes bons homens e boas mulheres em sonhos verão o Bodhisattva Ksitigarbha manifestando um corpo iluminado e ungindo-os com água benta. Quando acordarem do sonho ver-se-ão dotados de uma aguda inteligência. Ouvirão este Sutra uma só vez, e o recordarão para sempre; nunca o esquecerão e nem lhes escapará uma só oração ou verso.



Além disso, Bodhisattva Avalokitesvara, se no futuro houver pessoas cuja comida ou roupa não sejam suficientes, que enfrentem enfermidades e má sorte, cujas famílias não tenham paz, cujos parentes estejam dispersos e sendo perturbados por fatos desafortunados, ou que freqüentemente ao dormir tenham sobressaltos devido a pesadelos, se essas pessoas ouvirem o nome do Bodhisattva Ksitigarbha e virem sua imagem, deverão recitar seu nome dez mil vezes completas com extrema sinceridade e respeito. Todos esses problemas aos poucos desaparecerão e obterão paz e felicidade. Sua comida e roupas serão abundantes e até em sonhos estarão felizes e em paz.



Além disso, Bodhisattva Avalokitesvara, se no futuro bons homens e boas mulheres que para ganhar seu próprio sustento, para tratar de assuntos públicos, para tratar de assuntos de vida ou morte, ou outras questões urgentes, devam penetrar em montanhas cobertas de bosques, cruzarem rios, mares e grandes águas, ou passar por caminhos perigosos, primeiro deverão recitar o nome do Bodhisattva Ksitigarbha dez mil vezes. Os fantasmas e espíritos de sua terra sempre os rodearão e protegerão quando estiverem caminhando, ou parados, sentados ou deitados. A paz e a felicidade destas pessoas serão constantemente resguardadas, de modo que se elas se encontrarem com tigres, lobos, leões ou outros tipos de criaturas daninhas e malignas, as bestas não serão capazes de ferí-los”.



O Buda, em conclusão disse ao Bodhisattva Avalokitesvara:

O Bodhisattva Ksitigarbha tem uma grande afinidade com os seres de Jambudvipa. Para descrever os benefícios dos seres viventes que virem este Bodhisattva e ouvirem seu nome, centenas de milhares de kalpas não será tempo suficiente. Portanto, Bodhisattva Avalokitesvara, você deve usar seus poderes espirituais para propagar este Sutra, e que os seres viventes do Mundo Saha recebam paz e felicidade através de centenas de milhares de miríades de kalpas.



Neste momento, o Lokayestha pronunciou versos, dizendo:



“A força espiritual do Bodhisattva Ksitigarbha

com palavras sem fim não se pode explicar.

Vê-lo, ouvi-lo, pensar nele, adorá-lo,

a homens e deuses benesses vai dar.

Se a vida de um homem ou de uma mulher,

de um deus ou dragão de repente acabar,

e os caminhos do mal for fadado a trilhar,

se voltar com fervor e nele fé tiver

seu período de vida há de se prolongar

e suas ofensas hão de se apagar.



Aqueles que os pais tenham perdido,

irmãos, irmãs, algum ser querido

ou a quem sequer tenham conhecido

e não tenham como poder saber

que caminhos seus espíritos hão de percorrer,

deverão sua imagem esculpir ou pintar,

contemplá-lo e culto sempre lhe prestar.

Por vinte e um dias também sem cessar

seu sagrado nome deverão pronunciar.

Um corpo ilimitado ele então revelará

mostrando onde os amados foram renascer.

Dos caminhos do mal ele os libertará

e então desgraçados deixarão de ser.



Para a insuperável Bodhi cultivar

os sofrimentos do Tríplice Mundo deixar

e o grande coração compassivo manifestar

sua sagrada imagem há de contemplar.

Cada desejo seu se realizará

e de obstáculos kármicos se libertará.

Se de tal pensamento não se afastar

Ksitigarbha a cabeça há de lhe abençoar

e uma profecia então pronunciar.



Se alguém ler este Sutra desejar

para seres confusos à outra margem levar

mesmo se com muita fé proceder

o que leu certamente deverá esquecer

pois por falhas kármica a duvidar

o Sutra na mente não poderá guardar



Fragrância, flores, vestimentas, comidas

ao Bodhisattva Ksitigarbha deverá oferecer.

Água pura em seu santo altar deve haver

espere um dia para a água beber.

Vegetais picantes deve sempre evitar;

nem carne nem vinho nem sexo nem imprecar.

Por três semanas não matar nem ferir

e apenas seu santo nome repetir.

Num sonho verá o reino ilimitado

e há de ouvir com clareza uma vez acordado.

De um texto de Sutra que então escutar

por dez milhões de vidas poder-se-á lembrar.

Seu poder não pode ser imaginado

seu poder não pode ser comentado

mas quem tal poder conseguir entender

a sabedoria terá alcançado.



Quem pela pobreza for golpeado

e por enfermidade for vitimado

seu lar em conflito, seus pais separados

nem dormindo ou em sonhos a paz possa achar

e a libertação quiser então buscar

com fervor, culto a ele deve render

e de toda tristeza então livre há de ser.

Comida e roupa não hão de faltar

e sonhos tranquilos há de sonhar.



Deuses amigos o rodearão

e espíritos bons o protegerão.

Quem por mares e montes em rotas perigosas

encontrar feras e cobras venenosas

por perversos homens ou fantasmas molestados

e por doenças graves atacado

deve Bodhisattva Ksitigarbha contemplar

e à sua imagem oferendas realizar.

Nas montanhas, nos bosques, nos mares então

essas ameaças desaparecerão.

Avalokitesvara, mantenha-se atento:

Ksitigarbha não se alcança por palavra ou pensamento.

Milhões de anos tempo curto há de ser

para seu poder alguém descrever.

Se alguém de Ksitigarbha o nome escutar

sua imagem então venerar

e flores, roupa, comida, perfume oferecer

um prazer sem limites então há de ter.

Se ao reino do Dharma o mérito ceder

então em um Buda há de se converter;

de seus nascimentos, de todas as mortes

livre para sempre então há de ser.

Avalokitesvara:

você deve este Sutra assim conhecer

e por todos os mundos então divulgar;

grãos de areia do Ganges não se podem contar,

porém tão numerosos tais mundos vão ser”.





















































CAPÍTULO XIII



A TUTELA DE HOMENS E DEUSES





Nesse momento, o Lokayestha estendeu seu braço dourado e novamente abençoou a cabeça do Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha, dizendo:

Ksitigarbha, Ksitigarbha, seus poderes espirituais são incomparáveis, sua compaixão é incomparável, sua sabedoria é incomparável e sua eloqüência é incomparável. Mesmo que todos os Budas das dez direções louvassem suas virtudes incomparáveis, não poderiam terminar de fazê-lo em milhares de dezenas de milhares de kalpas.



Ksitigarbha, Ksitigarbha, recorde-se que hoje, no Céu Trayastrimsa, nesta grande assembléia de centenas de milhares de milhões de indescritíveis, realmente indescritíveis Budas, Bodhisattvas, deuses, dragões e espíritos da Óctupla Divisão, mais uma vez Eu confio-lhe aos homens e deuses do futuro que ainda não deixaram a casa em chamas do Tríplice Mundo. Não permita que esses seres caiam nos Caminhos Nefastos, nem mesmo pelo período de um dia e uma noite, muito menos que caiam no inferno Avici, onde deverão ficar por milhares de milhões de kalpas sem poder escapar.



Ksitigarbha, os seres de Jambudvipa são de natureza e vontade indecisas, e habitualmente cometem atos errôneos. Embora eles resolvam em pensamento fazer o bem, rapidamente dão as costas a esta resolução, e se encontram más condições, na maioria das vezes tendem a ver-se envolvidos nelas. Por esta razão, reduplico as centenas de milhares de milhões de transformações corporais para conduzi-los de acordo com suas respectivas naturezas.



Ksitigarbha, Eu agora lhe confio cuidadosamente as multidões de homens e deuses do futuro. Se no futuro houver deuses, ou bons homens ou boas mulheres que plantarem boas raízes no Budadharma, mesmo que sejam pequenas como um fio de cabelo, uma partícula de pó, um grão de areia, uma gota d’água, você deverá usar seus poderes espirituais e virtudes para protegê-los, de maneira que cultivem gradualmente o insuperável caminho e não se afastem dele.



Além disso, Ksitigarbha, se no futuro homens e deuses que devam cair nos Caminhos Nefastos de acordo com as retribuições dos seus atos, que estejam à beira de cair nesses caminhos, ou que estejam quase cruzando seus portais, recitarem o nome de um Buda ou Bodhisattva, ou uma só oração ou verso de um Sutra Mahayana, você deverá manifestar um corpo ilimitado, destruir os infernos, e fazer com que eles nasçam nos céus e recebam suprema e maravilhosa benção.



O Lokayestha, então falou em versos, dizendo:



Homens e deuses do futuro,

assim como os que agora estão vivos,

à você vou confiar-lhes.

Usa teu poder de penetração espiritual

para a todos resgatar.

Com tua conveniente habilidade de recursos,

não permita que eles caiam

dentro dos Caminhos Nefastos.



Neste momento, o Bodhisattva Mahasattva Ksitigarbha, ajoelhou-se, juntou as palmas e disse ao Buda:

Lokayestha, por favor, não fique preocupado. Se no futuro bons homens ou boas mulheres tiverem um só pensamento de respeito pelo Budadharma, usarei centenas de milhares de recursos convenientes para conduzí-los, de maneira que possam libertar-se rapidamente dos nascimentos e mortes. Muito mais ainda receberão aqueles que tiverem escutado sobre estes bons empreendimentos, e hajam trabalhado de acordo com eles, pois assim serão capazes de alcançar o Caminho Insuperável de maneira irreversível.



Quando isto foi dito, um Bodhisattva chamado Akasagarbha apareceu no meio da assembléia e disse ao Buda:

“Lokayestha, vim do Céu Trayastrimsa e ouvi o Tathagata falar sobre os inconcebíveis poderes do Bodhisattva Ksitigarbha e sua esplendorosa força espiritual. Se no futuro bons homens ou boas mulheres, assim como também deuses e dragões, escutarem este Sutra e o nome do Bodhisattva Ksitigarbha, ou se contemplarem e renderem culto à sua imagem, quantos tipos de vantagens e bênçãos conseguirão eles? Por favor, Lokayestha, fale-nos sobre isto pelo bem dos seres viventes do presente e do futuro”.



O Buda disse ao Bodhisattva Akasagarbha:

Escute atentamente, escute atentamente, Eu as enumerarei e descreverei para você. Se no futuro bons homens ou boas mulheres, que virem a imagem de Ksitigarbha, escutarem este Sutra, ou lerem e recitarem, usarem incenso, flores, comida e bebida, roupas ou pedras preciosas como oferendas, ou se eles louvarem, contemplarem e renderem-lhe culto, alcançarão vinte e oito tipos de vantagens:



1- Serão lembrados e protegidos por deuses e dragões.

2- Suas boas raízes crescerão diariamente.

3- Acumularão superiores causas de sabedoria.

4- Não se afastarão da Bodhi.

5- Sua comida e bebida serão abundantes.

6- As epidemias não os tocarão.

7- Não enfrentarão desastres causados pelo fogo ou pela água.

8- Não serão molestados por ladrões.

9- Serão respeitados por todos aqueles que os virem.

10- Serão ajudados por fantasmas e espíritos.

11- As mulheres renascerão como homens.

12- Se nascerem como mulheres serão filhas de reis ou ministros.

13- Terão aparência honrada e apropriada.

14- Renascerão muitas vezes nos céus.

15- Podem chegar a ser imperadores ou reis.

16- Terão conhecimento de suas vidas passadas.

17- Alcançarão qualquer meta que perseguirem.

18- Suas famílias serão felizes.

19- Todos os desastres serão evitados.

20- Serão afastados eternamente dos caminhos do karma.

21- Sempre chegarão a seu destino.

22- Durante a noite seus sonhos serão tranqüilos e felizes.

23- Seus parentes mortos deixarão para trás o sofrimento.

24- Receberão as bênçãos de suas vidas passadas.





25- Serão louvados pelos sábios.

26- Serão inteligentes e suas raízes serão profundas.

27- Serão magnânimos, bons e terão um coração compassivo.

28- Ao final alcançarão a Budeidade.



Além disso, Bodhisattva Akasagarbha, se deuses, dragões ou espíritos do presente ou do futuro, escutarem o nome do Bodhisattva Ksitigarbha, reverenciarem a sua imagem, ou simplesmente ouvirem falar de seus passados Votos e conduta, e o elogiarem e louvarem rendendo-lhe culto, eles alcançarão sete tipos de vantagens:



1- Rapidamente passarão ao terreno dos sábios.

2- Seu mau karma será erradicado.

3- Todos os Budas os protegerão e estarão perto deles.

4- Não se afastarão da Bodhi.

5- Seus poderes aumentarão profundamente.

6- Terão conhecimento de suas vidas passadas.

7- Ao final alcançarão a Budeidade.



Neste momento, todos aqueles que tinham vindo das Dez Direções, inumerável quantidade de Budas, Tathagatas, assim como grandes Bodhisattvas, deuses, dragões e o resto da Óctupla Divisão, que tinham escutado os louvores do Buda Shakyamuni sobre o Bodhisattva Ksitigarbha e seus incontáveis poderes espirituais, exclamaram que nunca tinha havido nada assim anteriomente.



Neste momento no Céu Trayastrimsa choveram incenso, flores, vestimentas celestiais e pedras preciosas como oferendas a Buda Shakyamuni e ao Bodhisattva Ksitigarbha. Quando isto terminou, toda a assembléia contemplou-os novamente, fez reverência, todos juntaram suas palmas e retiraram-se.



























































VERSO DE TRANSFERÊNCIA DE MÉRITOS













Que o mérito e a virtude

surgidos desta obra

adornem as Terras Puras dos Budas,

retribuindo a benevolência recebida

e ajudando aos que sofrem!

Que os que escutam ou leiam este

Sutra dos Votos Originais

do Bodhisattva Ksitigarbha,

façam surgir em si

o Voto de alcançar a Iluminação!

Que, quando cheguem ao fim

destes seus corpos atuais,

produto da retribuição dos seus atos,

possam nascer todos juntos

na Terra da Suprema Felicidade!









































GLOSSÁRIO



Este glossário é uma ajuda para os leitores não familiarizados com o vocabulário budista.



AGAMAS – Sutras do Pequeno Veículo.



AJITA – Outro nome do Bodhisattva Maitreya. Tem dois significados: “o invencível” e “o benévolo”.



ANUTTARASAMYAKSAMBODHI – A Maravilhosa, Perfeita e Insuperável Iluminação obtida pelos Budas.



ARHAT – O que obteve a cessação dos nascimentos e das mortes involuntários. Esta palavra tem três significados:

1- Merecedor de oferendas.

2- Matador de ladrões (os ladrões são as aflições e perturbações).

3- Não-nascido. Um Arhat permanece no não-surgimento de dharmas.



ASAMKHYEYA – Inumerável. Um número extremamente grande.



AVALOKITESHVARA – Um dos Bodhisattva mais importantes. Seu nome significa “Aquele que Contempla os Sofrimentos do Mundo” e “Aquele que Contempla Soberanamente”. É chamado Kuan Shi In ou Kuan In, no idioma chinês.



BÊNÇÃOS – Riqueza, longevidade, mente serena, amor à virtude e boa morte. Algumas virtudes como exemplo: doçura, respeitabilidade, dignidade, sobriedade, cortesia e polidez.



BHIKSHU: Monge budista que recebeu a totalidade dos preceitos.



BODHI: Iluminação.



BODHISATTVA: A palavra Bodhisattva provém de Bodhi, “Iluminação”, e Sattva de “Ser”. Um Bodhisattva é um ser iluminado, isto é, aquele que está no caminho da iluminação para si mesmo e para os outros.



BOSQUE DE JETA: É um bosque de árvores localizado dentro de um parque em Shravasti, que foi doado ao Buda pelo comerciante Anathapindaka. Este bosque pertencia ao príncipe Jeta, que também o ofereceu ao Buda. Neste local o Buda ensinava os Sutras.



BRAHMAN: Membro da casta mais alta da Índia.



BUDDHA (BUDA): A palavra Buddha provém da raiz Budh, “Despertar”. O Desperto, que alcançou a Suma, Perfeita, Inigualável Iluminação. A Natureza Búdica é inerente a todos os seres. Na medida em que esta Natureza não é realizada, os seres continuam sendo como seres humanos comuns; uma vez Esta sendo descoberta, este ser comum se transforma num Buda. Há infinitos Budas.



CÉU TRAYASTRIMSA (Céu dos Trinta e Três): Verticalmente ocupa a segunda posição entre dezoitos céus e ocupa a posição central entre um grupo de Céus localizados no mesmo plano com oito céus a cada um dos seus lados. O deus deste Céu é chamado de Shakra ou Indra e é o protetor do Dharma de Buda, sendo sua presença constante nas reuniões do Dharma. Os Céus são uma manifestação espontânea do Karma e são efêmeros, portanto não são lugares permanentes para morar. Por esta razão não devem ser considerados nosso último objetivo.



CHI LE CHA: Um tipo de espírito do fogo.



CHI LE SHE: Um tipo de espírito do fogo.



CINCO ERVAS DE SABOR PICANTE: Elas estão proibidas porque provocam apatia, irritabilidade e desejo sexual.

1) Alho.

2) Cebolinha.

3) Cebola.

4) Chalote.

5) Alho porro.



CINCO TURVAÇÕES:

1) A turvação do tempo: Dividido arbitrariamente pelas pessoas.

2) A turvação das opiniões: Cada um tem as próprias opiniões e estas não são claras.

3) A turvação das aflições: Cada ser tem suas próprias aflições e não estão claramente especificadas.

4) A turvação dos seres viventes: Os estados não estão claramente definidos já que podem mudar com as transmigrações.

5) A turvação do período de vida dos seres: Alguns têm longa vida, outros têm vida curta.



CORPOS REDUPLICADOS: Pode-se dizer que o corpo reduplicado existe só como resposta as condições criadas pelos seres viventes. Os corpos reduplicados do Bodhisattva Ksitigarbha existem devido às necessidades dos inúmeros seres que renascem uma ou várias vezes.



CRENÇAS OU OPINIÕES IMPRÓPRIAS:

1) Opinião sobre o corpo: Pensar que é o mais importante de satisfazer ou proteger.

2) Opinião extremista: Defende opiniões radicais de conduta.

3) Opinião imprópria: Sustentar opiniões totalmente errôneas.

4) Apegar-se a opiniões impróprias.

5) Manter preceitos impróprios.



DEVADATA: Era o primo de Buda e seu rival que constantemente opinava-se contra aos seus ensinamentos causando divisões no Sangha. Uma vez causou uma avalanche de pedras para ferir o Buda atingindo-o no pé. Por ter derramado o sangue do Buda caiu nos infernos.



DHARMA (dharma): Verdade, ensinamento, natureza, toda coisa e todo estado condicionado ou incondicionado.



DHARMA OU BUDADHARMA: Doutrina budista.













DEZ BOAS AÇÕES:

1) Não matar.

2) Não roubar.

3) Não manter conduta sexual inadequada (adultério, promiscuidade).

4) Não cobiçar.

5) Não odiar.

6) Não ter opiniões errôneas (não condizente com o Dharma).

7) Não falar palavrões.

8) Não mentir.

9) Não manter conversação fútil.

10) Não dar falso testemunho.



DEZ ETAPAS DO BODHISATTVA: “Etapas de purificação”.

1) Etapa da felicidade.

2) Etapa do abandono das impurezas.

3) Etapa em que se emite luz.

4) Etapa da chama da sabedoria.

5) Etapa do que é difícil de superar.

6) Etapa da manifestação.

7) Etapa da viagem longínqua.

8) Etapa imóvel.

9) Etapa da Boa Sabedoria.

10) Etapa da Nuvem do Dharma.



DEZ MÁS AÇÕES: (Causam feia aparência)

1) Facilmente exasperado.

2) Suspeitar e difamar.

3) Mentir.

4) Causar discórdia.

5) Faltar respeito com os pais.

6) Não respeitar lugares santos.

7) Apropriar-se do que pertence aos Seres Santos.

8) Desprezar as pessoas feias.

9) Qualquer tipo de má conduta.

10) Bater em outros seres viventes.



DHYANA: Prática de meditação para obter elevados estados de concentração.



ERAS DO DHARMA DE BUDA:

1) Era ou Época do Dharma Apropriado: Todos praticam com grande sinceridade e muitos obtêm os frutos desta prática.

2) Era ou Época da Aparência do Dharma: os esforços são dedicados à construção de templos, stupas e pagodes. As pessoas praticam menos e buscam mais bênçãos que sabedoria.

3) Era ou Época do Fim do Dharma: É a época Atual onde existem muitos desentendimentos entre os membros do Sangha.



ETAPA DA CASUALIDADE: O tempo em que são plantadas ações que levam a um efeito.



JAMBUDVIPA: Um dos quatro continentes deste sistema de mundos. Fica ao sul do Monte Sumeru central e tem a forma de um triângulo lembrando as folhas da árvore Jambu. Abarca uma região maior do que a India, a região dos Himalayas e paises ao redor do Lago Anavatapta, China,Coreia e Japão.



KALPA: É um período de tempo extremamente prolongado. O Kalpa básico é de 13.965 anos. Mil Kalpas constituem um pequeno Kalpa. Vinte pequenos Kalpas constituem um Kalpa médio. Quatro Kalpas médios constituem um grande Kalpa.

O período de vida de um sistema de mundos é de quatro grandes Kalpas.



KARMA: Ações realizadas e as retribuições ou efeitos delas.



KSITIGARBHA BODHISATTVA (Ti Tsan Pu Sa)

Quando a Imagem do Bodhisattva Ksitigarbha exibe uma Coroa de cinco pontas, onde aparecem os chamados CINCO BUDAS significa que, Ele é ajudado pelos poderes destes cinco Budas. que o assistem para libertar os fantasmas faminto.

Os cinco Budas são: Buda Vairocana, Buda Aksobhya, Buda Ratnasambhava, Buda Amitabha e Buda Amogasiddhi.



LI MEI: Espíritos da natureza que se formam das emanações das árvores, rochas, montanhas, etc. São maliciosos e tem poderes. Também são chamados de duendes ou entidades da natureza.



LOKAYESTHA: Honrado pelo Mundo.



MAHASATTVA: Grandes Seres.



MAITREYA: É o próximo Buda deste mundo. Sua existência atual é no Céu Tusita.



MANJUSRI: O Bodhisattva que simboliza a Sabedoria.



MUNDO SAHA: “Capaz de tolerar” ou “capaz de suportar”. Este é o nome do nosso mundo porque seus habitantes padecem grandes sofrimentos. Este é um dos mundos de maior sofrimento.



NAYUTA: Uma quantidade extremamente grande.



NIRVANA: O perfeito repouso dos sábios iluminados. Tem vários tipos de Nirvana alcançados pelos sábios em diferentes etapas da sua iluminação. Completa extinção de toda ânsia ou desejo de existência e do vir-a-ser.



NOVE REGIÕES DO DHARMA:

1) Bodhisattvas.

2) Os iluminados às condições.

3) Os que escutam o Som.

4) Deuses.

5) Homens.

6) Asuras.

7) Animais.

8) Fantasmas famintos.

9) Habitantes dos infernos.



OCTUPLA DIVISÃO: Seres de poderes sobrenaturais protetores do Dharma.

(ver Poderes Sobrenaturais)



OS BENS “QUE RESIDEM PERMANENTEMENTE” SÃO:

1) Bens permanentes do Sangha que não podem ser divididos.

2) Bens que podem ser compartilhados.

3) Propriedade privada dos membros do Sangha.

4) Bens doados e que podem ser compartilhados.

OS CINCO CAMINHOS NEFASTOS:

1) Infernos.

2) Fantasmas famintos.

3) Animais.

4) Humanos.

5) Deuses.

Às vezes se consideram seis caminhos contando os Asuras.



OS CINCO MAIORES SIGNOS DE DECADÊNCIA DOS DEUSES:

1) As guirlandas de flores usadas pelos deuses murcham e perdem o frescor.

2) As suas roupas, constantemente limpas, aparecem com aspecto sujo e envelhecido.

3) Os deuses não transpiram, porém quando aparecem os signos de decadência, exalam suor pelas axilas.

4) Seus corpos perfumados exalam cheiro desagradável.

5) Os deuses que normalmente ficam em Samadhi, sentem inquietude e nervosismo.



OS QUE ESCUTAM O SOM (SHRAVAKAS): Os discípulos que ouvem a voz de Buda e compreendem o Caminho. Também chamados os discípulos do Pequeno Veículo.



OS QUE USAM ROUPAS BRANCAS: Os leigos praticantes na Índia usavam roupas brancas que são símbolo de pureza.



OS SEIS MENORES SIGNOS DE DECADÊNCIA DOS DEUSES:

1) Suas vozes melodiosas mudam, ficando mais graves.

2) Seus corpos já não emitem luz.

3) Seus corpos geralmente repelem a água, porém ao final parecem molhados pela chuva.

4) Não conseguem renunciar aos estados prazerosos da existência, apegando-se fortemente a eles.

5) Debilitam-se e perdem energia. Seus olhos calmos manifestam signos de inquietude.

6) Enfraquecem e emagrecem.



PARAMITAS: Literalmente significa “atravessar até a outra margem”. Também significa “realizar uma ação virtuosa”. Assim são denominadas as práticas que servem para transportarmos à outra margem do nascimento e morte; é a essência da prática do Bodhisattva. São as seguintes:

1) DANAPARAMITA: DANA (doar bens, Dharma ou confiança).

2) SILAPARAMITA: SILA (moralidade: não fazer nenhuma maldade, praticar todas as virtudes).

3) KSANTIPARAMITAS: KSANTI (paciência: tolerar o que é difícil de suportar).

4) VIRYAPARAMITA: VIRYA (vigor do corpo e da mente para praticar ações benéficas).

5) DHYANAPARAMITA: DHYANA (contemplação, meditação).

6) PRAJNAPARAMITA: PRAJÑA (Sabedoria).



PERÍODO DA FLOR DE LÓTUS – NIRVANA: O Sutra do Lótus e o Sutra do Nirvana são os últimos ensinamentos do Mahayana. Estes Sutras foram ensinados nos últimos oito anos da vida do Buda. O Sutra do Bodhisattva Ksitigarbha foi ensinado entre estes dois Sutras.



PODERES SOBRENATURAIS: Com eles pode-se perceber o que não é possível com a visão comum.

1) O poder de percepção do olho celestial: o sistema completo de bilhões de mundos percebe-se claramente como uma maçã na palma da mão.

2) O poder de percepção do ouvido celestial: podem-se ouvir todos os sons de todos os sistemas de mundos.

3) O poder de percepção dos pensamentos dos outros: a percepção dos pensamentos de outra pessoa antes de ser manifestado.

4) Percepção de vidas passadas.

5) O poder de extinguir totalmente os apegos.



PRATYEKABUDAS: Aqueles que alcançam a iluminação pela compreensão do surgimento condicionado.



QUÁDRUPLA ASSEMBLÉIA: Bhikshus, Bhikshunis, Upasakas e Upasikas.



REGIÃO DO DESEJO: A região mais baixa deste mundo. Está habitada por seres, desde os infernos até as seis primeiras regiões dos deuses incluindo o reino humano. Caracteriza-se pelo desejo ou ânsia.



REGIÃO DA FORMA: A segunda região. Habitada por diversos seres divinos com forma, mas sem desejo.



REGIÃO DA NÃO-FORMA: A terceira das regiões. Habitada pelos deuses e sábios mais elevados; sem forma e sem desejo.



SERES SOBRENATURAIS PROTETORES DO DHARMA:

Estes seres estão agrupados na Octupla Divisão

1) Devas (seres celestiais): seus corpos emitem luz e podem morar nos Céus da Região do Desejo, nos Céus da Região da Forma e nos Céus da Região da Não-forma. Os devas são seres com bençãos porem podem regredir a Caminhos Nefastos quando seus méritos esgotam-se.

2) Nagas: pode-se traduzir como serpente, dragão ou elefante. Usualmente traduzido como dragão. Pode manifestar-se ou ocultar-se, crescer ou diminuir; na primavera eleva-se ao céu e no inverno penetra nas profundezas da terra. São considerados benéficos, trazem chuvas e são guardiões dos céus; controlam rios e lagos.

3) Yakshas: demônios da terra, do ar e dos céus inferiores; são violentos e malvados, devoradores de carne humana.

4) Gandharva: deuses da música e da fragrância. Ex: músicos de Indra.

5) Asuras: demônios inimigos dos deuses, sempre estão lutando contra eles e podem renascer em qualquer caminho de transmigração.

6) Garudas: o rei dos pássaros com asas douradas. Um dos veículos de Vishnu.

7) Kinnaras: seres míticos com corpos de homem e cabeça de cavalo. Uma das oito classes de músicos celestiais. As formas femininas cantam e dançam.

8) Mahoragas: tipo de demônios com grandes abdomens.



SETE TESOUROS OBTIDOS PELA PRÁTICA:

1) Fé.

2) Moralidade.

3) Aprendizagem.

4) Doação.

5) Sabedoria.

6) Vergonha.

7) Remorso.



SHANGARAMA: É todo lugar ou templo onde exista uma imagem de Buda.



SHRAMANAS: Budas – Bodhisattvas, monges virtuosos e Ahants.



SUMERU: A montanha Eixo do mundo.



TATHAGATA: É um dos maiores epítetos do Buda e significa “Aquele que atingiu a completa realização da natureza de todas as coisas”, ou seja aquele que é um com o absoluto, o “Corpo do Dharma” (Dharmakaya) . Por esta razão ele “não vem de nenhum lugar” nem “vai para algum lugar”. Ele é a “Lei que tem assim aparecido”.



TRÊS MIL GRANDES MUNDOS: Um mundo está composto pelo Monte Sumeru, um sol, uma lua, quatro grandes continentes e os vários mares e oceanos que os rodeiam. Um milhar destes mundos forma um pequeno sistema de mundos. Um milhar de pequenos sistemas forma um sistema médio e um milhar de sistema médio forma um grande sistema de mundos. Este último grupo é chamado de “três mil grandes sistemas de mil mundos”.



TRÍPLICE JÓIA: Buda, Dharma e Sangha.



TRÍPLICE MUNDO: A região de desejo, da forma e da não-forma.



UPASAKA: Leigo praticante.



UPASIKA: Leiga praticante.



VOTO (PRANIDHANA): Resolução. O Bodhisattva Ksitigarbha é conhecido pelo poder de seus Votos.



YOJANAS: Medida de longitude.























PRIMEIRA EDIÇÃO: São Paulo, julho de 2009



Colaboração econômica: Templo Tzong Kwan















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